terça-feira, 12 de março de 2013

EDUCAÇÃO QUEIMA ETAPAS E PÕE EM RISCO O FUTURO DO BRASIL


Fonte: Ismael Bravo*

Os caminhos a serem trilhados na organização da educação brasileira deveriam ter sido solidificados seguindo os princípios apontados pelos pioneiros da educação no Manifesto dos Educadores de 1932 e 1959, assim teríamos em que nos basear hoje.

Nas décadas posteriores aos manifestos as atenções estavam voltadas à busca de liberdade que ao ser conquistada estava sem os fundamentos educacionais necessários à nova realidade social a ser vivenciada pelo povo brasileiro. O reflexo é sentido nos dias atuais com a formação de gerações de profissionais de educação que buscam uma ideologia para sobreviverem consubstanciados em uma fundamentação teórica que não dá conta de responder à realidade atual da sociedade com relação à educação.

Percebe-se a formação de professores que não se engajam na luta para efetivação do ideal de educação que dê conta das transformações sociais. Faltou e falta a esses profissionais o real da diversidade social e da miscigenação que fundiu a nossa sociedade.

Para corroborar, a estrutura acadêmica para formação de professores passou por turbulência tão grande que sente-se hoje a sua repercussão, desde a falta de entendimento por parte das representações de classe, que não têm claro a formação ideal, até a desestruturação dos Cursos de Pedagogia, antes como Normal Superior e posteriormente retomando a nomenclatura original, somente com a habilidade de magistério.

Com isso perdeu-se todo elã no processo de construção histórica à medida que as bases de fundamento também mudaram, ao se estabelecer como princípio a aderência das habilidade e competência dos professores formadores para atuarem nos cursos de pedagogia. O procedimento de verificação nas avaliações dos cursos pelo MEC/INEP, afastou da formação inicial professores oriundos das outras ciências necessárias ao dia a dia da educação, como: administração, contabilidade, economia, geografia, demografia, sociologia, direito, psicologia, andragogia, entre inúmeras outras.

O que temos são algumas gerações formadas, fruto da queima de etapas, que provocou a segmentação em seus processos de formação, sem os fundamentos necessários para a tomada de decisão e até para o encarreramento dentro do universo educacional, falta-lhes o básico.

Existem tentativas de corrigir esse processo com foco em resultados imediatistas aos montes, haja vista a quantidade de programas governamentais, tanto federal como estaduais, que a princípio parecem ser a solução, mas que não dão conta da diversidade existente no país. Como exercício é só dividir o volume que está sendo destinado pelo número de escolas nessa extensão territorial e ter a triste certeza de que muitos não vão receber nada.

Cabe aqui a busca por um Novo Manifesto que venha de encontra ao equacionamento e um novo direcionamento estrutural da educação no Brasil, transformando a educação em setor supra político, em que interesses partidários e de promoção de governo fiquem de fora.

Só para citar como exemplo estamos há três anos sem um Plano Nacional de Educação e os indicativos do CONAE 2010 não foram incorporados, embora o novo Fórum Nacional de Educação já inicia os preparativos do CONAE 2014, isso ajudará à quem? À educação, pode-se garantir que não. Está muito mais para aquietar os nervosos de plantão, colocando-os nessas comissões que não estão a levar a nada, do que discutir a estrutura da educação e sua transformação para atender a sociedade atual.

Isso é tão verdade que haja visto o descaso com o financiamento da educação é tamanho, quando se debatem detalhes sobre a disposição de recursos advindos de fontes poluentes, cujo destino será nas mãos dos governantes para que façam reverência com dinheiro dos alunos, ao invés de direcioná-lo direto para a escola. Prove que não é assim!

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

https://www.facebook.com/ismael.bravo.18           https://twitter.com/ismaelbravo01