Fonte: Ismael Bravo*
Os caminhos a serem trilhados na
organização da educação brasileira deveriam ter sido solidificados seguindo os
princípios apontados pelos pioneiros da educação no Manifesto dos Educadores de
1932 e 1959, assim teríamos em que nos basear hoje.
Nas décadas posteriores aos manifestos
as atenções estavam voltadas à busca de liberdade que ao ser conquistada estava
sem os fundamentos educacionais necessários à nova realidade social a ser
vivenciada pelo povo brasileiro. O reflexo é sentido nos dias atuais com a
formação de gerações de profissionais de educação que buscam uma ideologia para
sobreviverem consubstanciados em uma fundamentação teórica que não dá conta de
responder à realidade atual da sociedade com relação à educação.
Percebe-se a formação de
professores que não se engajam na luta para efetivação do ideal de educação que
dê conta das transformações sociais. Faltou e falta a esses profissionais o
real da diversidade social e da miscigenação que fundiu a nossa sociedade.
Para corroborar, a estrutura
acadêmica para formação de professores passou por turbulência tão grande que sente-se
hoje a sua repercussão, desde a falta de entendimento por parte das
representações de classe, que não têm claro a formação ideal, até a
desestruturação dos Cursos de Pedagogia, antes como Normal Superior e posteriormente
retomando a nomenclatura original, somente com a habilidade de magistério.
Com isso perdeu-se todo elã no
processo de construção histórica à medida que as bases de fundamento também
mudaram, ao se estabelecer como princípio a aderência das habilidade e
competência dos professores formadores para atuarem nos cursos de pedagogia. O procedimento
de verificação nas avaliações dos cursos pelo MEC/INEP, afastou da formação
inicial professores oriundos das outras ciências necessárias ao dia a dia da
educação, como: administração, contabilidade, economia, geografia, demografia,
sociologia, direito, psicologia, andragogia, entre inúmeras outras.
O que temos são algumas gerações
formadas, fruto da queima de etapas, que provocou a segmentação em seus
processos de formação, sem os fundamentos necessários para a tomada de decisão
e até para o encarreramento dentro do universo educacional, falta-lhes o
básico.
Existem tentativas de corrigir
esse processo com foco em resultados imediatistas aos montes, haja vista a
quantidade de programas governamentais, tanto federal como estaduais, que a
princípio parecem ser a solução, mas que não dão conta da diversidade existente
no país. Como exercício é só dividir o volume que está sendo destinado pelo
número de escolas nessa extensão territorial e ter a triste certeza de que
muitos não vão receber nada.
Cabe aqui a busca por um Novo
Manifesto que venha de encontra ao equacionamento e um novo direcionamento
estrutural da educação no Brasil, transformando a educação em setor supra
político, em que interesses partidários e de promoção de governo fiquem de
fora.
Só para citar como exemplo
estamos há três anos sem um Plano Nacional de Educação e os indicativos do CONAE
2010 não foram incorporados, embora o novo Fórum Nacional de Educação já inicia
os preparativos do CONAE 2014, isso ajudará à quem? À educação, pode-se
garantir que não. Está muito mais para aquietar os nervosos de plantão,
colocando-os nessas comissões que não estão a levar a nada, do que discutir a
estrutura da educação e sua transformação para atender a sociedade atual.
Isso é tão verdade que haja visto
o descaso com o financiamento da educação é tamanho, quando se debatem detalhes
sobre a disposição de recursos advindos de fontes poluentes, cujo destino será nas
mãos dos governantes para que façam reverência com dinheiro dos alunos, ao
invés de direcioná-lo direto para a escola. Prove que não é assim!
(*) Doutor em Educação,
professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e
sistemas educativos.
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