terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ENSINO MÉDIO NO BRASIL PERPASSA SOLETRANDO AUGUSTINHO BRANDÃO


Fonte: Ismael Bravo*

No ensino médio no Brasil vamos encontrar colégios tradicionalíssimos, tanto privados como públicos com excelentes resultados, haja vista os trabalhos realizados pelas escolas federais em especial a qualidade de ensino dos colégios militares e o que dizer do colégio da EMBRAER! Poderia ficar aqui enumerando vários exemplos exitosos e com certeza estaria cometendo omissões, visto que, mesmo naquelas unidades com inúmeras dificuldades, vamos encontrar profissionais obstinados pela busca da educação diferenciada, são os nossos beija-flores apagando o fogo na floresta.

Só para começar a pensar em currículo e ensino aprendizado para o ensino médio, o MEC tem e deve beber nessas fontes a solução para as nossas dificuldades estão aqui dentro dessa imensidão de cases de sucesso. Para isso, há de se dispor a operacionalizar o real dentro da perspectiva e variedades territoriais existentes, colocando em prática aquilo que têm de ensino, eliminado a tecnocracia construída dentro da estrutura rígida dos órgãos públicos e ir até as unidades escolares, com a disposição de aprendiz.

Vamos nos ater a um referencial recente e de sucesso, esse conseguido não em apenas um ato mais na forma de um enredo, que faz do Ensino Médio Augustinho Brandão, lá na humilde Cocal dos Alves no Estado do Piauí, um caso de sucesso a ser seguido tanto para as unidades localizadas em um contexto territorial assemelhado, como para locais onde a caracterização social se apresenta com extrema dificuldade e falta de esperança aos jovens sem objetivos de vida.

Então, é necessário blindar esse projeto, para que se consolide ainda mais os princípios básicos estabelecidos para continuidade e desenvolvimento na consolidação da forma Augustinho Brandão de ser e poder propagar para outras unidades de forma clara para não descaracterizar a proposta original, criando o fator de referência para os profissionais aficionados por essa forma de fazer educação.

Tudo isso para não ser mais um exemplo de sucesso e ficar nas reminiscências históricas da educação, onde todo mundo aproveitou a mídia e tirou sua casquinha, do mais simples político até o alto poderio da capital. Sem esquecer e não menos importante vem os ideólogos de plantão querendo classificar o trabalho dentro de uma escola ideológica, transformando-a em mais uma peça de prateleira das bibliotecas universitárias.

Será preciso fortalecer esse grupo que tem mostrado unidade e bom uso da internet com seu site http://www.augustinhobrandao.net.br/, sua participação na rede social http://www.facebook.com/augustinhobrandao, além do orgulho e bairrismo demonstrado pelos ex-alunos em evidenciarem as suas origens ao enaltecerem a importância da formação ali obtida. Esse modo de ser faz com que os atuais alunos, mesmo assediados por instituições de ensino de outras localidades interessadas somente no marketing da conquista obtida, se mantêm na escola até o final dos estudos, reservando ao ensino superior a possibilidade de outros horizontes.

Ser um aparelho social irradiador do encaminhamento das necessidades locais é a grande missão da escola de Ensino Médio Augustinho Brandão, principalmente para a vida educacional futura de seus egressos.

O que fica é: Quem se incumbirá do papel de disseminar esse modelo de ensino médio para as realidades afins do nosso imenso território?

Cabem aqui os agradecimentos aos dez professores, o coordenador, a diretora, os cento e trinta e cinco alunos e aos demais profissionais da escola, Ensino Médio Augustinho Brandão, pela oportunidade dada ao Brasil.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AFINIDADES MUNICIPAIS E REGIONAIS DELINEADAS PELA SOCIEDADE EM MOVIMENTO


Fonte: Ismael Bravo*

Nunca é tarde para rever o papel dos municípios, na condição de entes federados, para o atendimento das expectativas e carências da sociedade. Cabe a quem está no poder trazer para si o papel primaz de demandador da formulação e institucionalização das políticas publicas sob medida à realidade local e atendê-las.

Vem de longe que a movimentação da sociedade na ocupação do espaço físico geográfico é que determina o surgimento das necessidades sociais. Só recentemente com advento do planejamento dos municípios, a partir da elaboração do Plano Diretor e do Estatuto das Cidades, vê-se um progresso quando em prática.

Porém, a sociedade atual sofre com a cultura de desenvolvimento sem planejamento, principalmente quando das demandas sociais, ficando claro que os aparelhos sociais sempre vêm a reboque das necessidades educacionais, saúde, saneamento básico, segurança, transporte e por aí vai. Isso só para citar os setores que os cidadãos mais utilizam no dia a dia.

A movimentação da sociedade ocorre na célula básica da formação de nosso território, que é o Município, onde iremos equacionar o nosso desenvolvimento social. Municípios fortes é que vão dar sustentação para Federação e Estados fortes.

Somente e mediante o entendimento das diversidades territoriais, que ao longo da história das relações sociais que compõem o município e sua influência regional, é que poderemos equacionar as necessidades detectadas, ditas pelos cidadãos que ali residem.

Isso é muito importante, visto que nem sempre são os atores locais que definem as políticas públicas, por vezes de ordem tecnocratas e partidárias. Há de se quebrar, então,  essa ordem e buscar nas relações presentes elementos do cotidiano apresentados pelos cidadãos caracterizados pelos valores, símbolos, normas, que compõem o nível cultural e as relações ali estabelecidas.

As necessidades locais podem ser equacionadas de modo regional, a partir das afinidades delineadas pela movimentação da sociedade em certa região. Portanto, é um ponto de partida para a modelagem territorial brasileira, por regiões afins nos Estados.

Entretanto, boa parte dos agrupamentos regionais, infelizmente não obedece ao chamado da necessidade social e ao aclamo para o atendimento local e/ou regional. O que temos são regiões representadas por suas regionais, cuja amplitude de atendimento não está caracterizada com as afinidades estabelecidas regionalmente pela sociedade, causando um desarranjo local e pouca eficácia.

Tudo Isso mostra um descompasso organizacional e administrativo, que invariavelmente leva ao distanciamento da realidade local, causando a má utilização e/ou destinação inadequada de recursos.

As forças políticas que definem uma região sem que leve em conta o apontamento das relações sociais dentro de um determinado espaço geográfico causam uma inoperância no sistema, por exemplo, a representação do Estado para Educação em uma região tem amplitude de atendimento que não é a mesma para a saúde, segurança, transporte, agricultura e outros setores, que em alguns casos a sede da representação localiza-se em outra região.

Ao propor políticas públicas para melhorar as condições de qualidade de vida deve-se, além de incorporar as diversidades das atividades exercidas, contribuir para que a população residente tenha atendida a suas necessidades especificas localmente.

Vale lembrar que a caracterização e o aprofundar no entendimento do entorno regional, perpassa por elementos que revelam o processo de avanço do urbano para o rural, como é o caso das favelas, da periferia e até da conurbação, definindo aí a área de transição, não somente entre o urbano/rural, como também a ocupação e o delineamento das afinidades entre municípios.

As legislações federal, estaduais e municipais deverão levar em consideração os fatores das áreas de transição, uma marca social recente nos municípios, para definir a organização e seus agrupamentos por afinidades para compor o regional.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.