Fonte: Ismael Bravo*
O quanto importa a composição do ideário educacional? E, se importante,
como defini-lo? Devemos agregar a essa linha de pensamento, que os princípios
dos ideários, impostos na formação ideológica acadêmica da educação, caíram por
terra com as mudanças ocorridas nos blocos defensores de doutrina que não mais dão
conta de incorporar todo o desenvolvimento e evolução alcançados pela sociedade
e disponível em fácil acesso.
Todas as ideias até então tidas como de solução e empunhada como
bandeira de mudança romperam-se e vive o sentimento de que uma massa enorme de profissionais
da educação ficou sem base de fundamentação para essa realidade. Frustrados
pela forma como seus sonhos foram perdidos e muito mais, vendidos a que preço e
por atores até então endeusados que hoje se desvelam como da pior espécie e subjugados
ao mundo do crime, mas ainda envoltos da máscara social.
Ao utilizar da ideologia do tudo pelo social, formou-se um instrumento
de dominação que age por meio do convencimento e de forma prescritiva,
alienando a consciência da sociedade que mais precisa de discernimento para
exigir níveis melhores de qualidade dos aparelhos sociais, aqui em especial a educação.
Com isso, aqueles educadores que em seus ideários tinham como meta ensinar
incondicionalmente para mudar a educação brasileira, ficaram no meio do caminho,
no mundo das ideias e dos discursos inflamados objetivados pela falsa
consciência de uma realidade que não aflorou. Esses, ficaram amarrados pelos
aspectos da dominação, à medida que o conjunto das razões ideológicas dominante
foram usadas de modo instigante.
A causa da inércia dos nossos pensadores está na forma como foram
cooptados. Esses são atuantes em todos os níveis de hierarquia de governo ou
como membro de colegiados, que não têm seus objetivos efetivados. Essa, é uma
das formas encontradas pelo sistema de criar um zona de conforto para quem
sempre os defendeu.
Essa relação de dominação nada tem a ver com a ideologia discutida nas bancas
acadêmicas e sim em acomodação por meio do pseudo envolvimento, mas que compõem
curriculum e avalizam a espoliação da sociedade. Pegando como exemplo o caso da
educação, que sofre verdadeiro bombardeio midiático para a adoção de
infraestrutura e projetos educacionais, antes de entender como funciona já tem
um novo no ar.
Onde está essa massa crítica, os pensadores da realidade nacional com
discernimento para separar o que é bom e nefasto para educação? Estão
envolvidos pelas facilidades e deslumbre de que esses míseros recursos
disponibilizados para seus trabalhos de pesquisa já é mais do que suficiente
para dar conta da questões educacionais.
Alguns dos profissionais da educação assistem tudo de camarote, se
isentando de não fazer parte dessa farra, ficando em cima do muro ou ainda se
aquietando em seus fóruns e eventos diversos, enquanto se esquecem do tamanho
da conta que a sociedade terá de pagar, sem que as políticas públicas
educacionais sejam efetivas.
Políticas estas que estão longe de ser fruto do efetivar do senso comum.
Com base em uma ideologia neutra em seu conjunto de ideias, pensamentos e
visões de mundo do indivíduo e do seu coletivo, tendo como sentido a orientação
das ações sociais, em especial, as políticas públicas para a educação.
O querer ideológico educacional brasileiro passa primeiro pela forma de
governar e gestar as questões da educação, desde o infantil até a pós-graduação,
que sem sombra de dúvidas pressupõe gestar o governo por plano de estado em
detrimento de programas de governo cheios de ralos.
O caminho é a inversão de conduta, pondo em segundo plano as ideologias
partidárias para buscar o ideário das necessidades do povo. Sem o qual, a
sociedade corre o risco de morte, passando a resolver suas necessidade na base
da força, uma convulsão social. Algo já evidente nos grandes aglomerados
humanos do país, onde a falta efetiva da presença do estado, com suas políticas,
faz com que a sociedade viva em conflito, matando mais que guerras pelo mundo
afora.
Na sociedade de não letrados e sem um ideal de educação, a busca de um
sonho coletivo de futuro e de nação não se realizará. A cidadania só é plena
quando todos têm acesso aos bens sociais de qualidade, e a educação é o motriz
dessa transformação.
(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador,
assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.
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