Fonte: Ismael Bravo*
Considera-se
profissional da educação, aquele que em nosso dia a dia reconhecemos como
trabalhador no exercício pleno da sua profissão em alguma organização
educacional.
Isso posto, já cabe
um questionamento inicial: Lembra-se de quando e onde presenciou os diversos
dirigentes de representações de classe no real exercício da profissão, a nível
local, regional, estadual ou nacional? Parou para pensar, hein!
É preciso rever a
quem se delega a tomada de decisão das questões pertinentes à atividade educacional.
Interessados por
quem faz a educação é que não faltam, atraídos pela representação numérica de
atendimento à sociedade, em seus níveis e modalidades de ensino, tem-se um
canal direto de comunicação com pais, responsáveis e alunos. Além dessa oportunidade
a educação é considerada nos bastidores da administração pública como a prima
rica, pela disposição legal dos recursos a serem investidos pelos entes
federados.
Esse é um cenário propício
a cooptar os profissionais da educação para interesses de outras ordens que não
o desenvolvimento educacional. Pasme, tudo isso, em nome do bom fazer em defesa
das necessidades da classe e da história de luta a favor do setor.
Notadamente em nossa
história recente essa temática ficou evidente, no movimento que se iniciou em
2008 por conta da CONAE – Conferência Nacional de Educação, em que pôde se
observar que muitos dos presentes de longe eram da educação e praticavam uma contenda
para garantir a representação política partidária nas instâncias superiores da
conferência. À parte de tudo isso, os profissionais da educação que, de coração,
se dispuseram a contribuir, não tiveram voz e presenciavam uma situação política
longe dos interesses da educação.
Os resultados da
CONAE culminaram no Projeto de Lei 8035/2010 que propõe o Plano Nacional de
Educação - PNE, dentro de uma articulação supostamente democrática, que deixa
qualquer observador educacional perplexo com a forma de obtenção das
necessidades sociais, tecnicamente o modo quase perfeito de fazer política pública.
Ideal seria se os
profissionais de educação e a sociedade sentissem participativos e, por
conseguinte, donos do Plano ou reconhecessem no PNE uma proposta que de fato venha
a transformar a educação, mas não é isso que se vê, pois a tida vontade da
sociedade, o que seria um plano de estado, virou moeda de barganha política
partidária de interesse de governo e não da nação.
Isso é tão verdade e
novamente temos que rever o real interesse de nossas representações de classe ao
pegar como exemplo a greve dos professores federais que se lançou uma penumbra
necessária ao poder central para desviar a atenção da questão primaz que é o
Plano Nacional de Educação e sorrateiramente sem a pressão histórica dos
profissionais da educação federal, articular a bel prazer que caminho tomar.
Numa analise de
cenário, esse articulação foi orquestrada? Será que os educadores fizeram parte
dessa manobra? Foram induzidos a um ganho imediato que talvez resolva até ali e
na continuidade, como fica? Temos que pensar a educação em que todos os ganhos
sejam efetivos, duradouros e com qualidade focados no aluno. Isso só será
exequível com o Plano Nacional de Educação transformado em lei. No mais é
movimento de peças em cena.
Seguindo a cronologia
dos fatos, que mostra estarmos ha dois anos sem Plano, e se continuar com esse
jogo de interesse político, vai para o terceiro ano sem muita força. A quem
serve essa manobra? À sociedade com certeza não.
Os desdobramentos de
pós-promulgação da Lei do Plano Nacional, os estados, distrito federal e
municípios têm até um ano após sua publicação para elaborarem os seus planos. Agregando
a esse prazo as metas estabelecidas que necessitem de recursos de imediato e for
planejada dentro das datas fiscais corretas, a lógica orçamentária nos diz que só
terá recurso no ano seguinte, consequentemente dois anos após, e por aí vai.
A continuar nessa
tocada, recurso efetivo por volta de 2015, até lá vamos vivendo de programas de
governos e passando o chapéu. Pensando quem faz a efetivação das políticas
publicas são nas unidades escolares e se para o alcance das metas do IDEB de
2013 e 2015 precisarem de investimentos estarão com seus planejamentos comprometidos.
Em sendo assim podem ligar o sinal de alerta e partir para ações alternativas.
A história tem nos
mostrado que devemos repensar nossas ações e ter medidas claras e visão de
futuro, que perpassem por uma avaliação de nossas representações. Pensando que
se foi o tempo em que nos movimentos representativos tinham a figura do pelego
patronal, agora vislumbrasse o do poder, que nos atraem por conhecer o nosso
comportamento e costume social.
Enquanto isso, vamos
amargando as dificuldades do dia a dia da educação, fruto de decisões tomadas sem
embasamento por elementos que não vivenciam a realidade educacional. Pense
nisso...
(*) Doutor em
Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação
e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.
http://ismaelbravobrasil.blogspot.com.br/