quarta-feira, 8 de agosto de 2012

EXISTIMOS ENQUANTO PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO, POR QUE EXISTEM ALUNOS!


Ismael Bravo*

O aluno é representado como o agente passivo dessa parafernália de programas de interesse governamentais e não de estado.
Uma pergunta cuja resposta se apresenta como sendo óbvia é: Será que nossos governantes sabem que existe aluno?  Há quem diga que sim, até para dimensionar as suas numerologias estatísticas, com todo respeito à ciência, fazendo uso dela para explicar o inexplicável, tentando nos convencer que se está criando as bases educacionais que alavancarão as futuras gerações.
Parafraseando o poeta “Ser ou não ser, eis a questão”. O aluno existe ou não existe enquanto cidadão demandador dos serviços educacionais? Se sim, a resposta obvia é que as políticas de educação seriam de Estado e não de governos, devendo advir da base, ou seja, da escola, pois é nesse aparelho social que se efetiva a política publica educacional, por meio do ato de ensino aprendizado.
Partindo do pressuposto que o aluno precisa de um espaço que viabilize o ato de aprender, a escola se apresenta como o local ideal. Para viabilizar a escola contemporânea em suas atividades meio e fim, devemos lançar mão de um plano de gestão escolar que traga em seu bojo o projeto político pedagógico que possibilite uma educação de qualidade ao aluno e para acessar os próximos níveis e modalidade de ensino à frente.
Por outro lado, é no ato de ensinar e aprender que vão surgir as necessidades  da unidade escolar ao se organizar na busca do objetivo da vida acadêmica.
Fica claro que para a efetivação da política pública educacionais temos de ir ao encontro das necessidades básicas da educação, desenvolvendo mecanismos de acompanhamento da gestão local que permitam ao gestor ações em tempo real e de forma estratégica para atuar no dia a dia, independente dos programas de governamentais.
Essa forma de gestar a educação traz o poder e a decisão para próximo do aluno, no seio de sua coletividade, dentro do seu território social com foco educacional para a sua realidade.
Assim, não é possível em um país com as dimensões continentais e com a miscigenação que temos o governo tomar decisões distantes da realidade desses microcosmos sociais heterogêneos e propor programas padrão para todos.
Estrategistas governamentais acreditam que a forma de governar atual atende essa diversidade! Ledo engano, o que se utiliza hoje é para alimentar as informações do banco de dados da união, obtendo em troca a possibilidade de receber ou não recursos de programas de verbas voluntárias, uma forma de cooptar os atores sociais. Ora, o voluntário pelo o que bem sabemos, hoje pode ter, mas, amanhã não se sabe.
Os nossos gestores locais já estão escolados e sofrendo um desgaste enorme com a falta de recursos, direcionam suas avaliações do Plano de Desenvolvimento da Escola e Plano de Ações Articuladas para terem a possibilidade de receber algo. Estão errados? Claro que não, aprenderam rapidinho a mecânica utilizada.
Por outro lado, dizemos que errados estamos nós, profissionais da educação, em aceitar essa forma de condução da educação que não é efetiva para equacionar nossas necessidades educacionais a médio e longo prazo, visto ser um paliativo perigoso, pois estamos criando uma geração de políticos que trazem no bojo de seus mandatos essa forma de governar.
Para ser bem simplista, o caminho viável está em nossas disposições legais que invariavelmente só são lembradas quando a coisa emperra. Vamos lá, “cabe a União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo a função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais”, só para citar o parágrafo primeiro do artigo 8º da LDBEN.
Nesse sentido, é premente que os recursos essenciais para efetivar a política da educação básica cheguem à escola onde o aluno está, assegurando seus direitos constitucionais de educação, atendendo assim objetivos de vidas que não se deve ofuscar.
O fazer um Estado forte, é cada ente federado cumprir o seu papel corretamente, com os repasses de recursos assegurados pelo distributivo fiscal legal per capito, aliado as características locais que o IBGE há muito já deu conta de definir.
Então vamos lá, se o aluno existe enquanto cidadão demandador dos serviços educacionais embora não exerça esse direito, a política pública educacional vai dar conta de atender as suas necessidades educacionais ou não? Eis a questão!
(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.

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