terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ENSINO MÉDIO NO BRASIL PERPASSA SOLETRANDO AUGUSTINHO BRANDÃO


Fonte: Ismael Bravo*

No ensino médio no Brasil vamos encontrar colégios tradicionalíssimos, tanto privados como públicos com excelentes resultados, haja vista os trabalhos realizados pelas escolas federais em especial a qualidade de ensino dos colégios militares e o que dizer do colégio da EMBRAER! Poderia ficar aqui enumerando vários exemplos exitosos e com certeza estaria cometendo omissões, visto que, mesmo naquelas unidades com inúmeras dificuldades, vamos encontrar profissionais obstinados pela busca da educação diferenciada, são os nossos beija-flores apagando o fogo na floresta.

Só para começar a pensar em currículo e ensino aprendizado para o ensino médio, o MEC tem e deve beber nessas fontes a solução para as nossas dificuldades estão aqui dentro dessa imensidão de cases de sucesso. Para isso, há de se dispor a operacionalizar o real dentro da perspectiva e variedades territoriais existentes, colocando em prática aquilo que têm de ensino, eliminado a tecnocracia construída dentro da estrutura rígida dos órgãos públicos e ir até as unidades escolares, com a disposição de aprendiz.

Vamos nos ater a um referencial recente e de sucesso, esse conseguido não em apenas um ato mais na forma de um enredo, que faz do Ensino Médio Augustinho Brandão, lá na humilde Cocal dos Alves no Estado do Piauí, um caso de sucesso a ser seguido tanto para as unidades localizadas em um contexto territorial assemelhado, como para locais onde a caracterização social se apresenta com extrema dificuldade e falta de esperança aos jovens sem objetivos de vida.

Então, é necessário blindar esse projeto, para que se consolide ainda mais os princípios básicos estabelecidos para continuidade e desenvolvimento na consolidação da forma Augustinho Brandão de ser e poder propagar para outras unidades de forma clara para não descaracterizar a proposta original, criando o fator de referência para os profissionais aficionados por essa forma de fazer educação.

Tudo isso para não ser mais um exemplo de sucesso e ficar nas reminiscências históricas da educação, onde todo mundo aproveitou a mídia e tirou sua casquinha, do mais simples político até o alto poderio da capital. Sem esquecer e não menos importante vem os ideólogos de plantão querendo classificar o trabalho dentro de uma escola ideológica, transformando-a em mais uma peça de prateleira das bibliotecas universitárias.

Será preciso fortalecer esse grupo que tem mostrado unidade e bom uso da internet com seu site http://www.augustinhobrandao.net.br/, sua participação na rede social http://www.facebook.com/augustinhobrandao, além do orgulho e bairrismo demonstrado pelos ex-alunos em evidenciarem as suas origens ao enaltecerem a importância da formação ali obtida. Esse modo de ser faz com que os atuais alunos, mesmo assediados por instituições de ensino de outras localidades interessadas somente no marketing da conquista obtida, se mantêm na escola até o final dos estudos, reservando ao ensino superior a possibilidade de outros horizontes.

Ser um aparelho social irradiador do encaminhamento das necessidades locais é a grande missão da escola de Ensino Médio Augustinho Brandão, principalmente para a vida educacional futura de seus egressos.

O que fica é: Quem se incumbirá do papel de disseminar esse modelo de ensino médio para as realidades afins do nosso imenso território?

Cabem aqui os agradecimentos aos dez professores, o coordenador, a diretora, os cento e trinta e cinco alunos e aos demais profissionais da escola, Ensino Médio Augustinho Brandão, pela oportunidade dada ao Brasil.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AFINIDADES MUNICIPAIS E REGIONAIS DELINEADAS PELA SOCIEDADE EM MOVIMENTO


Fonte: Ismael Bravo*

Nunca é tarde para rever o papel dos municípios, na condição de entes federados, para o atendimento das expectativas e carências da sociedade. Cabe a quem está no poder trazer para si o papel primaz de demandador da formulação e institucionalização das políticas publicas sob medida à realidade local e atendê-las.

Vem de longe que a movimentação da sociedade na ocupação do espaço físico geográfico é que determina o surgimento das necessidades sociais. Só recentemente com advento do planejamento dos municípios, a partir da elaboração do Plano Diretor e do Estatuto das Cidades, vê-se um progresso quando em prática.

Porém, a sociedade atual sofre com a cultura de desenvolvimento sem planejamento, principalmente quando das demandas sociais, ficando claro que os aparelhos sociais sempre vêm a reboque das necessidades educacionais, saúde, saneamento básico, segurança, transporte e por aí vai. Isso só para citar os setores que os cidadãos mais utilizam no dia a dia.

A movimentação da sociedade ocorre na célula básica da formação de nosso território, que é o Município, onde iremos equacionar o nosso desenvolvimento social. Municípios fortes é que vão dar sustentação para Federação e Estados fortes.

Somente e mediante o entendimento das diversidades territoriais, que ao longo da história das relações sociais que compõem o município e sua influência regional, é que poderemos equacionar as necessidades detectadas, ditas pelos cidadãos que ali residem.

Isso é muito importante, visto que nem sempre são os atores locais que definem as políticas públicas, por vezes de ordem tecnocratas e partidárias. Há de se quebrar, então,  essa ordem e buscar nas relações presentes elementos do cotidiano apresentados pelos cidadãos caracterizados pelos valores, símbolos, normas, que compõem o nível cultural e as relações ali estabelecidas.

As necessidades locais podem ser equacionadas de modo regional, a partir das afinidades delineadas pela movimentação da sociedade em certa região. Portanto, é um ponto de partida para a modelagem territorial brasileira, por regiões afins nos Estados.

Entretanto, boa parte dos agrupamentos regionais, infelizmente não obedece ao chamado da necessidade social e ao aclamo para o atendimento local e/ou regional. O que temos são regiões representadas por suas regionais, cuja amplitude de atendimento não está caracterizada com as afinidades estabelecidas regionalmente pela sociedade, causando um desarranjo local e pouca eficácia.

Tudo Isso mostra um descompasso organizacional e administrativo, que invariavelmente leva ao distanciamento da realidade local, causando a má utilização e/ou destinação inadequada de recursos.

As forças políticas que definem uma região sem que leve em conta o apontamento das relações sociais dentro de um determinado espaço geográfico causam uma inoperância no sistema, por exemplo, a representação do Estado para Educação em uma região tem amplitude de atendimento que não é a mesma para a saúde, segurança, transporte, agricultura e outros setores, que em alguns casos a sede da representação localiza-se em outra região.

Ao propor políticas públicas para melhorar as condições de qualidade de vida deve-se, além de incorporar as diversidades das atividades exercidas, contribuir para que a população residente tenha atendida a suas necessidades especificas localmente.

Vale lembrar que a caracterização e o aprofundar no entendimento do entorno regional, perpassa por elementos que revelam o processo de avanço do urbano para o rural, como é o caso das favelas, da periferia e até da conurbação, definindo aí a área de transição, não somente entre o urbano/rural, como também a ocupação e o delineamento das afinidades entre municípios.

As legislações federal, estaduais e municipais deverão levar em consideração os fatores das áreas de transição, uma marca social recente nos municípios, para definir a organização e seus agrupamentos por afinidades para compor o regional.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

EXCEÇÃO REINANTE ATINGE EM CHEIO A EDUCAÇÃO


Fonte: Ismael Bravo*

Como setor da sociedade que depende essencialmente da compreensão e dos conteúdos das ciências sociais, a educação sofre com atual situação de exceção reinante no cotidiano das unidades educacionais.

Poderíamos apontar algumas linhas de ações na direção do entendimento das questões sociais no âmbito da educação, mas duas são as questões prementes, uma tem primazia e deve ser contemplada no currículo com seu aporte necessário na formação dos profissionais da educação, a outra e tão importante quanto a anterior, se trata da legitimidade do comportamento social que se estabelece na forma como a sociedade se organiza e se dispõem enquanto demandador dos aparelhos sociais.

Vamos nos ater às questões de ordem social que, por consequência, pode e deve contribuir à formação profissional, começando pelo entendimento do que venha a ser a educação e o seu papel. Lembrando que até algumas décadas a sociedade interagia com seus membros cobrando a educação que sua família proporcionou, lembram? Hoje, a posição mudou significativamente e de ordem, ou seja... Que educação a sua escola está lhe proporcionando?

Esse modo de agir e pensar não encontra amparo nos objetivos organizacionais que sustentam os princípios básicos da educação, o de proporcionar a educação estritamente formal. Tomava-se como partido e principio, até então, que as questões básicas de valores e moral dos alunos já chegassem às escolas bem resolvidas.

Em contrapartida, o que invariavelmente se depara é com um comportamento às avessas, que nós levamos a crer que a formação não formal, aquela em que a família transmitia à criança, por delegação passou a ser da escola, ou seja, toma aí que o filho é teu e pego depois de formado. Será que é assim? Ou, assim será?

A nossa sociedade vem se utilizando da razão para legitimar o seu poder de forma instrumental, tornando-se parte fundamental de criação de uma cultura de racionalização que acompanha a civilização humana em estabelecer novas regras político-jurídica. Se a sociedade mudou ou está a mudar de comportamento por delegar o ato de educar à instituição escola, temos assim configurado um estado de exceção, em que a forma de solução de possíveis litígios e conflitos passa a negar a própria regra, existente e entendida.

Torna-se eficaz e legítimo descumprir as regras básicas e iniciais ou cumprir parcialmente a legislação, só tendo importância aquilo que são os direitos, que é o comportamento social presente, esquecendo e se fazendo vistas grossas aos deveres, configurando aí a exceção.

Só para provocar, veja o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, muito se falou e capitalizou politicamente em busca do atendimento dos direitos e esqueceram-se dos deveres ali contemplados. Buscando pela data de sua publicação 27 de setembro de 1990 temos uma geração com em torno de 20 a 30 anos de idade que são frutos desse suporte legal. Com isso, não fica difícil identificar na sociedade a fisiologia dos atuais atores sociais que são marcantes na exceção da ordem reinante.

De um modo geral a exceção tem-se confirmado como força oponível à sociedade e à legitimidade democrática, algo como Vinício Carrilho Martinez e Marcos Del Rio em “Estado de Exceção Permanente e Global”, discorrem como: Corresponde à dominação racional-legal levada às últimas consequências. O Estado de Exceção corresponde ao mais moderno e espetacular formato de organização e de centralização legítima (legal) do poder soberano.

Martinez e Del Rio pontuam como sendo a sensação que proporciona um massivo sentimento de impotência, simplesmente, porque deixa de ser verdade que só é verdadeiro, o que é verdade para todos. Seu tempo é o do presente-transitório: efemeridade, transitoriedade. Impõem-se pela violência, nutrindo-se da corrupção (real e de sentidos).

Esse comportamento e forma de agir que se mostra na sociedade devem estar na pauta das discussões dos conteúdos educacionais no que tange ao currículo de formação dos profissionais, no Projeto Político Pedagógico – PPP e no modo de gestar as organizações educacionais.  

Pensando sempre que os caminhos estão aqui nesse manancial miscigenado cultural educativo do povo brasileiro, sem a necessidade dos modelos além-fronteiras. Elucido ainda esta situação em Drummond quando diz: Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

FALTA DE CONECTIVIDADE ENTRE OS FATORES EDUCACIONAIS


Fonte: Ismael Bravo*

Fato primaz “se temos educação é por que existe aluno”, o mais é pura ideologia e vontades outras que não o ensino-aprendizado.

Na busca da educação de excelência, as decisões devem estar próximas das necessidades educacionais onde se encontra o aluno, na escola, que por sua vez esta bem longe, física e acessivelmente dos órgãos centrais de administração da educação. Por falar nesses órgãos, lá não existem salas de aula, apenas demandas dos programas idealizados para dar conta do que “entendem” como o dia a dia educativo.

Essa estrutura posta hoje e que vem malhada de anos a fio serviu e serve para uma política de dominação das bases, que são cooptadas por ofertas de recursos mínimos que não dão conta das necessidades locais, por falta de entendimento da realidade territorial aliada às carências de funcionalidade. Para vislumbrar, se pegarmos como parâmetro a liberação de uma unidade escolar instalada e pronta para funcionar para uma localidade que sobrevive somente dos recursos do fundo de participação, e, achar que essa conseguirá operacionalizar esse aparelho social com recursos próprios, é mero engano.

Sem contar, ainda, com o conjunto de custos extras com pessoas necessárias, a sua forma de contratação, sua formação continuada, o que prevê o plano de carreira, piso salarial e por aí vai... Ou seja, uma organização prestadora de serviços educacionais funcionando na sua plenitude.

Além dos custos extras não serem contemplados nos programas, os recursos a serem liberados precisam evitar as viagens que o dinheiro faz até chegar onde precisa, e ainda se desgastando e perdendo significativamente parte do montante pelos caminhos tortuosos da administração financeira da educação e, pasmem isso tudo em plena era da informática com informações em tempo real, num país referência mundial em sistemas informatizados.

Isso é claramente notado quando da realização anual do censo escolar em que diversas informações são colhidas, entre elas a quantidade de alunos para se ter o número de matrículas e poder repassar o recurso per capita, que não da conta da realidade posta para maioria das escolas brasileiras. É no mínimo fazer mal uso da informação.

A questão da distribuição dos recursos da educação tem que ser tão ágil quão é o destaque e destino de impostos na emissão de uma fatura de venda de produtos e serviços. Haverá de ser, dessa forma, pois se ensino-aprendizado é processual e contínuo ao longo do ano letivo, os recursos para que isso aconteça devem chegar ao mesmo diapasão. Trocando em miúdos, o dinheiro necessário para o bom funcionamento da escola deve ser canalizado direto para a conta da unidade, sem entraves e de forma contínua.

Ajustes sempre serão necessários de diversas ordens, em especial, de adequação das atividades meio do processo administrativo central da educação para todos os entes federados, cujo papel será de suporte à atividade fim, para que a ação educativa aconteça com recursos onde se efetiva o ato educativo, na escola.

O que deve ficar evidente para quem exerce o papel de gestor na educação, independente do nível hierárquico, que há um movimento e comportamento da sociedade a ser considerado, para onde vai, o que quer da educação e o que tem para nos passar de referencial de demanda.  A reflexão que fica é de quanto de recurso chegará para ir de encontro a essa realidade, já consolidada e não considerada nas políticas públicas para educação.

Poderíamos estar aqui a pensar só em um nível e modalidade de ensino, não... Temos que refazer toda estrutura organizacional disposta para atender a educação brasileira, do infantil à pós (lato ou stricto), o ir de encontro às finalidades que veem dos anseios e necessidades da nossa sociedade, que é plural e de origem miscigenada.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

SINTONIA, RECIPROCIDADE E BOM SENSO ENTRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE


Fonte: Ismael Bravo*

Até bem pouco tempo convivíamos somente com o alto índice de vandalismo nas escolas, praticado pela sociedade por não reconhecê-la como seu espaço de saber. Hoje as agressões estão tomando proporções maiores atingindo física e psicologicamente todos os profissionais da educação, em que ficam evidentes quando se tornam manchetes na mídia pelo requinte de crueldade em alguns casos.

Em pesquisas diversas realizadas sobre a violência nas unidades de educação básica das principais cidades brasileiras, apontam para o conflito de entendimento de como a escola se organiza e para a falta de diálogo entre os atores que a compõe, causando o distanciamento nessa relação.

Em sendo retrato da relação humana e de como a sociedade se movimenta no meio em que atua, é possível identificar na cultura organizacional da educação alguns aspectos visíveis, os tidos artefatos culturais, que são manifestações mais fáceis de serem notadas. Podemos citar como exemplos: a organização do espaço, a tecnologia adotada, a linguagem e outros padrões audíveis e perceptíveis visualmente, caracterizado como uma família de conceitos, os chamados: Símbolos, Linguagem, Rituais, Cerimônias e quem sabe... Sagas e Heróis.

Esse modo de ser da organização educacional, que representam uma tendência de preferir determinadas situações ou estado de coisa, está intimamente ligado aos pressupostos básicos que desenvolvem os valores, como: natureza humana, natureza meio, tempo, orientação e relacionamento com a atividade.

Os valores, se bem interpretados, devem contribuir e provocar o bom funcionamento da organização educacional, no procurar por soluções para os problemas que se colocam localmente para a implementação de novas finalidades educativas, facilitando a introdução de inovações para melhorar a qualidade e sua eficácia.

O que se busca entre educação e sociedade, é um relacionamento que respeite o entendimento de poder e autoridade, que se sobrepõe às questões de ordem pessoal. O grupo social sempre espera que se enfatize a hierarquia como base de poder.

As políticas de relacionamento, ou seja, o agir na relação social, deverão ser calcadas na premissa acerca da natureza humana com objetivo de desenvolvimento global dos indivíduos, na direção de que os filhos da sociedade para a educação é “ser e tornar-se” alguém. O transmitir às novas gerações, garante à organização educacional a reprodução de um estado de coexistência social que seja marcante e característico em todos os processos que envolvem a vida do alunado.

Esses indivíduos em seus processos de formação e conhecimento devem ter vivências que sejam relativas à moralidade e proceder conforme determina os preceitos básicos de cidadania, com ênfase à justiça e aos bons costumes em tudo que é decente e educativo, em especial, os deveres do cidadão em sociedade e perante os demais de suas relações.

A sociedade precisa estar atenta ao que se passa no dia a dia de seus filhos e ter a escola como grande aliada para acompanhar e valorizar seus desenvolvimentos, tropeços e conquistas, podendo intervir no processo para orientar, corrigir ou redirecioná-los no decorrer da vida educativa.

Para isso, o que se espera da educação e da sociedade, é que as pessoas possuam capacidade de se adequarem às regras e costumes de cada realidade, e assim poder fazer bons julgamentos e escolhas. Terem, portanto, bom senso como conceito de argumentação, que seja estritamente ligado às noções de sabedoria e de atuar no exercício dos seus papeis com discrição e obediência a critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades educativas.

É nesse sentido que o bom senso deve ser trabalhado de forma conceitual e prática, contribuindo para que a escola venha a dirimir esse hiato criado ao longo dos últimos tempos na relação cotidiana entre escola, aluno e sociedade.

O bom senso na educação proporciona aos seus profissionais o ato de reflexão e entendimento da vida para dela tirar o que há de melhor, sendo o conteúdo um conjunto de elementos essenciais para a educação não formal aplicado ao dia a dia da organização educativa, criando o diagrama formado pela conjunção da Escola de Bom Senso, Aluno de Bom Senso e Cidadão de Bom Senso.

O BOM SENSO ENTRE EDUCAÇÃO E SOCIEDADE! PRATIQUE!

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.


domingo, 14 de outubro de 2012

PREFEITO E A NOMEAÇÃO DO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO


Fonte: Ismael Bravo*

E agora prefeito? Findando o pleito eleitoral é chegada a hora de compor ou recompor a equipe de governo, começando pelos membros da comissão de transição para os recém-eleitos. Missão delicada face às coligações eleitorais e os acordos na composição dos apoios.

Um dos gestores chave do governo será o responsável pela Educação Municipal, por seu atendimento em torno de 10% da população representado pelos alunos, que se incluídos pais e/ou responsáveis, esse número poderá facilmente chegar de 30% a 40% da população municipal, baseado na média das famílias brasileiras.

Essa analogia por si só deveria considerar o Gestor da Educação Municipal como elemento importantíssimo da administração. Além disso, vale lembrar que o financiamento da educação municipal por lei recebe um aporte de, no mínimo, 25% dos recursos financeiros do orçamento municipal, o que já é possível delinear a dimensão da importância da atuação do gestor.

Somada a essas abrangências devem ser agregadas as habilidades e competências do gestor da educação no exercício de sua liderança, considerando que tenha os valores e atitudes organizacionais, em que se priorize o envolvimento da sociedade, a gestão participativa, o desenvolvimento de recursos humanos, a constância de propósitos, o aperfeiçoamento contínuo, o acompanhamento das atividades, a delegação, a disseminação das informações, os fatos e dados e o buscar das causa de ocorrências.

Então, são os princípios a serem seguidos para condução em rede, e que, por extensão, venham dar conta das relações com a União, Estado, Municípios e organizações não governamentais.

Todo o conhecimento do gestor deve vir acompanhado do estabelecimento da educação municipal aprendiz, o que significa atuar sempre no campo preventivo e não dar margem a constantes atuações corretivas. Assim, a aprendizagem organizacional é caracterizada por: objetivo comum, cultura local, aprendizado em grupo, domínio pessoal e valores.

Parece fácil, mas atualmente não é nomear um Secretário de Educação. Se a opção for política partidária, necessariamente terá que contratar também um profissional que tecnicamente de conta desse perfil como apoio ao Secretário.

O melhor seria ir direto à procura de alguém que tenha e domine o conteúdo na busca da educação de qualidade para a sociedade, pensando principalmente o quanto a prestação de serviços educacionais pelo município vai atender as expectativas da população no dia a dia da educação e no sucesso futuro dos alunos.

Por incrível que possa parecer para muitos, essas são questões menores à definição do perfil do Secretário de Educação, invariavelmente pesa o lado pessoal em detrimento do conhecimento técnico.

Perpassado pela questão de ordem na definição do profissional que representará a pasta da educação, é de bom tom aproveitar os indicativos do governo federal e começar a minimizar os impactos do novo mandato da gestão municipal em um fluxo rápido de informações educacionais, que facilitarão a administração da educação. Além disso, deve ter acesso aos seguintes dados:
Escolas da rede:- Nome, endereço, telefone, no de alunos, dirigente e estado em que se encontra;
Finanças:- Despesas, saldos financeiros, pendências de convênios;
Estoque:- Equipamentos, materiais e/ou alimentos deixados nos depósitos ou almoxarifado;
Patrimônio:- Inventário do patrimônio público existente;
Parceiros:- Relação dos principais parceiros institucionais, projetos em andamento, como: Câmara de Vereadores, Ministério Público, MEC, Secretaria de Educação do Estado e sua regional, Universidades, Escola Técnica, Fundações, outros;
Profissionais:- Quadro de profissionais alocados na secretaria e suas relações trabalhistas;
Agenda:- Elaboração de uma agenda com ações para os 100 primeiros dias de gestão; e
Outros:- Informações úteis (exemplo: processos de aprovação de verbas ou novos projetos).

Ao realizar a leitura da realidade encontrada, é importante que o Prefeito e Secretário atual da Educação apoiem os projetos exitosos desenvolvidos até então e faça as alterações necessárias naqueles que não apresentaram os resultados esperados.

Vale apontar que ser um excelente professor, diretor de escola ou dirigente de ensino, não basta para que venha a ser Secretário Municipal de Educação, é preciso assegurar que os profissionais para compor a lista de escolha reúnam as habilidades e competências em gestão da educação municipal e tenham, sobretudo, enorme conhecimento da rede municipal e de suas relações regionais.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.


segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O VOTO NA SALA DE AULA E O CONTEXTO EDUCACIONAL


Fonte: Ismael Bravo*

Nesse domingo, 07 de outubro, fomos todos votar, bem, quase todos. Um direito cívico garantido por lei e por ela obrigados a exercer sobre pena das suas disposições. Fazendo com que todos os cidadãos, independente da classe social, credo, raça e cor, cumpram o dever, que na maioria das zonas e seções eleitorais é realizado nas escolas em salas de aula.

Para ir, ficamos adiando, adiando, até que “Vamos lá, é obrigação”, e queremos entrar e sair num toque de caixa. Pois, se não é nenhum midiático ou candidato a ser assediado pela comunicação, o que fazer além de votar? Um pé lá e outro de volta pra casa.

Até aí tudo bem, mesmo por que as pessoas que estão trabalhando, salvo raríssimas exceções, são muito educadas e pacientes. Porém, existem situações imponderadas em que o eleitor ao chegar se deparar com fila, com pessoas que têm dificuldades no trato com a tecnologia, que é muito simples por sinal. Aliás, se o cidadão pertence a algumas das classificações de analfabetismo, que inventaram para justificar a incompetência de alfabetizar, sente-se e tenha calma, pois, pode mudar seus planos de votar rapidamente.

O caso em questão foi de uma senhorinha, dos seus já vividos bons anos e que, pela aparência, com certeza estaria isenta desse ato cívico, foi ter-se com aquela máquina e ai é um tal de começa e para, refaz, quer chamar a filha, consultar o parente... A fila a se formar e o mesário a coçar a cabeça, levanta e senta várias vezes, disponibiliza a urna novamente, muito gentil cumprindo a disposição legal. Embora tivesse uma baita vontade de atender ao pedido de ajuda da senhorinha, dizia: Não posso, não pode... E por aí a fora.

Aquele um pé lá e outro cá, foi de água abaixo.

Aí começou a sobrar tempo para observar o ambiente, onde os compadres e comadres de plantão colocavam a prosa em dia, um verdadeiro ponto de encontro. Tudo sem esquecer que estávamos em uma sala de aula escolar cuja unidade oferece o ensino fundamental, médio e suas modalidades. Mesmo que o objeto ali não era esse, você começa a observar o espaço físico, até por que aquele embate do mesário com a senhorinha, não se mostrava por findar.

Um ambiente educativo degradante, carteiras em péssimo estado de conservação, armário sem portas, lousa trincada com textura que já não aceita mais o giz e paredes sujas. A porta então, quebrada com o miolo interno da madeira à mostra. Sem contar o piso, e as vidraças então, com vidros de diferentes texturas.

Fiquei a pensar, quem em sã consciência acha que alguém teria motivação para estudar em um ambiente desses oferecido aos jovens alunos do ensino fundamental e médio regular, adultos da EJA e por aí a fora, nos níveis e modalidades oferecidos.

Olá Isadora Faber do Diário de Classe, você deveria contaminar os alunos dessa escola, para saberem e defenderem que toda escola tem que ser um brinco.

Como o mesário havia pedido para a senhorinha ficar calma se não acabaria anulando o voto, a minha imaginação enquanto gestor educacional começou a fluir. Fiquei a perguntar: Serão todas as salas assim? Será uma sala isolada, daquelas reservadas para deposito? Não, a escola esta a pedir socorro.

Os alunos, pais e responsáveis, funcionários, direção, vivem em que mundo? Será que gostariam de ser atendido em ambiente como esse, em um shopping, magazine, banco, e outros espaços prestadores de serviços?

Período como esse, de eleições, é propício para rememorar e rever nossos conceitos de espaço educacional e repensar sobre aqueles que dizem defender a educação. Será que gostam mesmo da educação ou dos seus recursos?

Recebi recentemente o texto “Votar” da Raquel de Queiroz publicado pela Revista Cruzeiro, 11 de janeiro de 1947, que dizia “Votem, irmãos, votem. Mas pensem bem antes. Votar não é assunto indiferente, é questão pessoal, e quanto! Escolham com calma, pesem e meçam os candidatos, com muito mais paciência e desconfiança do que se estivessem escolhendo uma noiva (o)”.

Senhor, senhor, senhor... O mesário a me chamar. Sua vez. Votei nas minhas convicções educacionais, embora, não sei se terei surpresas.

Você que não fez essa reflexão, por vários motivos, talvez tenha perdido uma oportunidade, mas quem for votar no segundo turno terá essa chance novamente. Se o seu local de votação for em uma escola, veja o seu entorno e faça reflexão. Os alunos que ainda não votam, agradecem.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A EDUCAÇÃO NO BRASIL NÃO TEM PROBLEMAS, SÓ SOLUÇÕES ADIADAS.


Fonte: Ismael Bravo*

O título busca parafrasear o escritor que tanto estudou a cultura brasileira e que esteve solto no tempo e nos cartazes que o enalteciam com a frase “O Brasil não tem problemas, só soluções adiadas”, atribuída ao maior historiador e pesquisador que o Rio Grande do Norte teve, e que o Brasil ainda está por conhecer a miúde, Luís da Câmara Cascudo, filósofo, escritor, jornalista, professor e amante da cultura popular. Em busca de conhecer o povo brasileiro, Câmara Cascudo dizia: "Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar, das Estrelas, dos morros silenciosos...”

Por conhecer a alma e a forma de como a sociedade se organizava, Câmara Cascudo contribuiu para entendermos o que se passa hoje, em pleno século XXI, sobre as observações feitas no velho sertão lá pelos idos de 1910, em que a questão educacional não formal tinha um forte apelo à realidade posta e pela situação imposta ao isolamento de algumas comunidades, por outro lado, nas capitais as influencias fortes vinham da Europa. Essa caracterização mostra a preocupação com a universalização, vinda do além-fronteiras, em que todos usam os mesmos métodos independentes da realidade local, sem levar em consideração a contextualização da sociedade em seu território.

Ao longo do século XX tivemos a oportunidade de vivenciar o afloramento da leitura social do povo brasileiro nas ciências sociais, aplicadas, humanas e outras áreas do conhecimento, desenvolvidas por nossos grandes pensadores, porém, não foram incorporadas ao modelo atual de educação que permeia as intenções governamentais, por questões inúmeras, que não cabe aqui discorrer, talvez ideológica, quem sabe.

Há quem julgue que as intenções governamentais estão intimamente ligadas à necessidade do país em acelerar e ganhar em grande escala de desenvolvimento, firmando-se no cenário internacional ao mostrar e demonstrar sua força econômica. Outros mais singelos defendem estar naturalmente na globalização o provocar pela busca de modelos educacionais. Ou, será um pouco de cada?

Mesmo com toda a base teórica e prática necessária para realizar uma educação de qualidade, não podemos perder de vista o conceito de Glocalização, ou seja, de ser global sem perder as características locais.  Assim sendo, há de se evidenciar que os fenômenos globais não devam ser o fato que venha a justificar a falta de disseminação e adoção dos métodos e metodologias educacionais de sucesso desenvolvidas e aplicadas no Brasil, adiando o desenvolvimento da educação com bases na realidade nacional.
O ser global é tão forte e presente em nosso dia a dia, que não se pode negar, faz parte das características humanas o intercâmbio de conhecimento, nos tempos atuais mais ainda, com o acesso em tempo real dos desenvolvimentos de grupos de pesquisa ao redor do mundo.

Constamos que isso é verdade, pois hoje há programas de governo enviando nossos filhos ao redor do mundo na busca de novos conhecimentos, medida louvável, desde que por traz dessa ação tenha um projeto de estado que dê guarida para que esse investimento social seja incorporado a nossa realidade. Há de se ter, porém, o devido cuidado em não repetir os senhorios quando enviavam seus rebentos para estudo na Europa como forma de evidenciar as referências e posicionamento social, muitas vezes inócuo ao desenvolvimento do país.

À parte a tudo isso e tão importante quanto, devemos ressaltar que de forma heterogênea já existe educação de qualidade no país, constada pelos indicadores educacionais e histórico exigido que define a presença desses nossos alunos no exterior, cuja  educação básica lhes proporcionaram embasamento para realizar seus estudos.

Deparamos com a evidência de que os caminhos para equacionar a educação básica são fortes o suficiente para transformar a realidade do país. Eureca, então temos o formato e modo de como mudar os resultado educacionais obtidos internamente como foco e modelo a ser seguido derivado da fundamentação e dos trabalhos de nossos profissionais da educação e que deveriam estar sendo disseminados em todo território nacional, certo?

Então Câmara Cascudo esteve sempre com razão, nos não temos problema, só soluções adiadas, haja vista que nosso patrono, Mestre Paulo Freire dizia, “têm-se todas as metodologias necessárias, é preciso coloca-las em prática”.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O SENADO DEFINIRÁ COMO SERÁ O REPASSE DOS 10% DO PIB PARA EDUCAÇÃO?


Fonte: Ismael Bravo*

Os Senadores devem dar atenção especial para agilizar a aprovação do Plano Nacional de Educação em virtude do seu atraso. Cabe lembrar que já estamos sem metas a serem seguidas pela educação nacional há dois longos anos, o que contribui para um cenário nebuloso dos próximos resultados educacionais, pois sem regras claras fica difícil ir ao encontro das necessidades da sociedade. Como diria a sabedoria popular: ”Você é hoje o que fez ontem e amanhã o que faz hoje”.  

Por falar em regras, o aumento de investimento na educação deve vir acompanhado de regras claras nos repasses a quem faz a política pública, para aí sim começarmos a vislumbrar melhoras significativas e qualidade na utilização dos recursos financeiros.

Nesse sentido, o Senado já poderia delinear e apontar as alterações legais para que isso ocorra, de modo que os novos recursos não caiam em um sistema viciado, os dos malfadados programas das tidas transferências voluntárias que só chegam a alguns poucos lugares e de modo assimétrico às necessidades locais, mostrando a falta de visão da nossa imensidão territorial, e ainda por meio de programas de governo, quando o correto seria Plano de Estado, o Plano Nacional de Educação em vigor.

As alterações devem começar pela Lei de Responsabilidade Fiscal, Lei complementar nº 101 de 04 de maio de 2000, em especial no seu artigo 25 que trata da transferência de recursos voluntários. Esse artigo deixa o governo federal bem à vontade na condução dos repasses, pois não tem critérios que devam ser observados para regrar a utilização, colocando em cheque o conceito de ente federado ao subordinar os demais governos à vontade das ações da união. Configura-se uma distorção e inversão de valores ao pensar na efetividade dos recursos próximo da sociedade demandadora da educação, o fazer política educacional.
A submissão dos governos municipais e estaduais a essa prática tem levado seus gestores a serem cooptados por interesses Federais, uma prática atual que se não mudar coloca em risco os novos recursos por essa velha forma de fazer a educação no país. Isso é tão verdade, que recentemente a situação veio à tona novamente, com o advento manifestação dos governadores e prefeitos sobre aplicação da Lei nª 11.738, de 16 de julho de 2008 que se refere ao Piso Salarial do Magistério. No seu artigo 4º que dispõe sobre a integralização dos recursos por parte da União, quando comprovada a necessidade, ficou claro o desdenho da união que não se dispôs a tratar a individualidade de cada ente federado que tiveram e continuam tendo problemas para cumprir esta disposição legal sem recursos.

Aqui fica uma reflexão aos nossos Senadores e Sociedade.

A discussão não é de qual fonte virão os recursos para educação atingir os 10% do PIB, mas sim como será o seu repasse aos entes federados. Os recursos, ora meus caros, estão aí pulverizados nos ralos da má gestão pública, isso só analisando o financiamento da educação.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO A MARGEM DAS DECISÕES NACIONAIS


Fonte: Ismael Bravo*

Considera-se profissional da educação, aquele que em nosso dia a dia reconhecemos como trabalhador no exercício pleno da sua profissão em alguma organização educacional.

Isso posto, já cabe um questionamento inicial: Lembra-se de quando e onde presenciou os diversos dirigentes de representações de classe no real exercício da profissão, a nível local, regional, estadual ou nacional? Parou para pensar, hein!

É preciso rever a quem se delega a tomada de decisão das questões pertinentes à atividade educacional.
Interessados por quem faz a educação é que não faltam, atraídos pela representação numérica de atendimento à sociedade, em seus níveis e modalidades de ensino, tem-se um canal direto de comunicação com pais, responsáveis e alunos. Além dessa oportunidade a educação é considerada nos bastidores da administração pública como a prima rica, pela disposição legal dos recursos a serem investidos pelos entes federados.

Esse é um cenário propício a cooptar os profissionais da educação para interesses de outras ordens que não o desenvolvimento educacional. Pasme, tudo isso, em nome do bom fazer em defesa das necessidades da classe e da história de luta a favor do setor.

Notadamente em nossa história recente essa temática ficou evidente, no movimento que se iniciou em 2008 por conta da CONAE – Conferência Nacional de Educação, em que pôde se observar que muitos dos presentes de longe eram da educação e praticavam uma contenda para garantir a representação política partidária nas instâncias superiores da conferência. À parte de tudo isso, os profissionais da educação que, de coração, se dispuseram a contribuir, não tiveram voz e presenciavam uma situação política longe dos interesses da educação.

Os resultados da CONAE culminaram no Projeto de Lei 8035/2010 que propõe o Plano Nacional de Educação - PNE, dentro de uma articulação supostamente democrática, que deixa qualquer observador educacional perplexo com a forma de obtenção das necessidades sociais, tecnicamente o modo quase perfeito de fazer política pública.

Ideal seria se os profissionais de educação e a sociedade sentissem participativos e, por conseguinte, donos do Plano ou reconhecessem no PNE uma proposta que de fato venha a transformar a educação, mas não é isso que se vê, pois a tida vontade da sociedade, o que seria um plano de estado, virou moeda de barganha política partidária de interesse de governo e não da nação.

Isso é tão verdade e novamente temos que rever o real interesse de nossas representações de classe ao pegar como exemplo a greve dos professores federais que se lançou uma penumbra necessária ao poder central para desviar a atenção da questão primaz que é o Plano Nacional de Educação e sorrateiramente sem a pressão histórica dos profissionais da educação federal, articular a bel prazer que caminho tomar.

Numa analise de cenário, esse articulação foi orquestrada? Será que os educadores fizeram parte dessa manobra? Foram induzidos a um ganho imediato que talvez resolva até ali e na continuidade, como fica? Temos que pensar a educação em que todos os ganhos sejam efetivos, duradouros e com qualidade focados no aluno. Isso só será exequível com o Plano Nacional de Educação transformado em lei. No mais é movimento de peças em cena.

Seguindo a cronologia dos fatos, que mostra estarmos ha dois anos sem Plano, e se continuar com esse jogo de interesse político, vai para o terceiro ano sem muita força. A quem serve essa manobra? À sociedade com certeza não.

Os desdobramentos de pós-promulgação da Lei do Plano Nacional, os estados, distrito federal e municípios têm até um ano após sua publicação para elaborarem os seus planos. Agregando a esse prazo as metas estabelecidas que necessitem de recursos de imediato e for planejada dentro das datas fiscais corretas, a lógica orçamentária nos diz que só terá recurso no ano seguinte, consequentemente dois anos após, e por aí vai.

A continuar nessa tocada, recurso efetivo por volta de 2015, até lá vamos vivendo de programas de governos e passando o chapéu. Pensando quem faz a efetivação das políticas publicas são nas unidades escolares e se para o alcance das metas do IDEB de 2013 e 2015 precisarem de investimentos estarão com seus planejamentos comprometidos. Em sendo assim podem ligar o sinal de alerta e partir para ações alternativas.

A história tem nos mostrado que devemos repensar nossas ações e ter medidas claras e visão de futuro, que perpassem por uma avaliação de nossas representações. Pensando que se foi o tempo em que nos movimentos representativos tinham a figura do pelego patronal, agora vislumbrasse o do poder, que nos atraem por conhecer o nosso comportamento e costume social.

Enquanto isso, vamos amargando as dificuldades do dia a dia da educação, fruto de decisões tomadas sem embasamento por elementos que não vivenciam a realidade educacional. Pense nisso...

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.

http://ismaelbravobrasil.blogspot.com.br/

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

EXISTIMOS ENQUANTO PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO, POR QUE EXISTEM ALUNOS!


Ismael Bravo*

O aluno é representado como o agente passivo dessa parafernália de programas de interesse governamentais e não de estado.
Uma pergunta cuja resposta se apresenta como sendo óbvia é: Será que nossos governantes sabem que existe aluno?  Há quem diga que sim, até para dimensionar as suas numerologias estatísticas, com todo respeito à ciência, fazendo uso dela para explicar o inexplicável, tentando nos convencer que se está criando as bases educacionais que alavancarão as futuras gerações.
Parafraseando o poeta “Ser ou não ser, eis a questão”. O aluno existe ou não existe enquanto cidadão demandador dos serviços educacionais? Se sim, a resposta obvia é que as políticas de educação seriam de Estado e não de governos, devendo advir da base, ou seja, da escola, pois é nesse aparelho social que se efetiva a política publica educacional, por meio do ato de ensino aprendizado.
Partindo do pressuposto que o aluno precisa de um espaço que viabilize o ato de aprender, a escola se apresenta como o local ideal. Para viabilizar a escola contemporânea em suas atividades meio e fim, devemos lançar mão de um plano de gestão escolar que traga em seu bojo o projeto político pedagógico que possibilite uma educação de qualidade ao aluno e para acessar os próximos níveis e modalidade de ensino à frente.
Por outro lado, é no ato de ensinar e aprender que vão surgir as necessidades  da unidade escolar ao se organizar na busca do objetivo da vida acadêmica.
Fica claro que para a efetivação da política pública educacionais temos de ir ao encontro das necessidades básicas da educação, desenvolvendo mecanismos de acompanhamento da gestão local que permitam ao gestor ações em tempo real e de forma estratégica para atuar no dia a dia, independente dos programas de governamentais.
Essa forma de gestar a educação traz o poder e a decisão para próximo do aluno, no seio de sua coletividade, dentro do seu território social com foco educacional para a sua realidade.
Assim, não é possível em um país com as dimensões continentais e com a miscigenação que temos o governo tomar decisões distantes da realidade desses microcosmos sociais heterogêneos e propor programas padrão para todos.
Estrategistas governamentais acreditam que a forma de governar atual atende essa diversidade! Ledo engano, o que se utiliza hoje é para alimentar as informações do banco de dados da união, obtendo em troca a possibilidade de receber ou não recursos de programas de verbas voluntárias, uma forma de cooptar os atores sociais. Ora, o voluntário pelo o que bem sabemos, hoje pode ter, mas, amanhã não se sabe.
Os nossos gestores locais já estão escolados e sofrendo um desgaste enorme com a falta de recursos, direcionam suas avaliações do Plano de Desenvolvimento da Escola e Plano de Ações Articuladas para terem a possibilidade de receber algo. Estão errados? Claro que não, aprenderam rapidinho a mecânica utilizada.
Por outro lado, dizemos que errados estamos nós, profissionais da educação, em aceitar essa forma de condução da educação que não é efetiva para equacionar nossas necessidades educacionais a médio e longo prazo, visto ser um paliativo perigoso, pois estamos criando uma geração de políticos que trazem no bojo de seus mandatos essa forma de governar.
Para ser bem simplista, o caminho viável está em nossas disposições legais que invariavelmente só são lembradas quando a coisa emperra. Vamos lá, “cabe a União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo a função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais”, só para citar o parágrafo primeiro do artigo 8º da LDBEN.
Nesse sentido, é premente que os recursos essenciais para efetivar a política da educação básica cheguem à escola onde o aluno está, assegurando seus direitos constitucionais de educação, atendendo assim objetivos de vidas que não se deve ofuscar.
O fazer um Estado forte, é cada ente federado cumprir o seu papel corretamente, com os repasses de recursos assegurados pelo distributivo fiscal legal per capito, aliado as características locais que o IBGE há muito já deu conta de definir.
Então vamos lá, se o aluno existe enquanto cidadão demandador dos serviços educacionais embora não exerça esse direito, a política pública educacional vai dar conta de atender as suas necessidades educacionais ou não? Eis a questão!
(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

As necessidades educacionais são de governos ou da nação?


Ismael Bravo*

Existe hoje no Brasil uma dicotomia no entendimento do que venha ser Programa de Governo e Política Publica de Estado, isso em todos os setores da sociedade, fruto do modo de como nas ultimas décadas as questões da sociedade são encaminhadas. Só para ficar na área de Educação notamos um crescimento preocupante de Programas de Governo, pode-se dizer  tem pró para tudo, tem-se a ligeira impressão que até o próprio governo se perde nesse universo.

Ao longo do tempo alguns programas de governo têm mostrado certa eficiência, sendo notória a sua tipificação como uma política pública de estado, pois se trata do atendimento das necessidades sociais. Nessa linha de raciocínio temos então, os programas de governo com vinculo direto à administração dentro dos mandatos. Para que a sociedade tenha garantias de efetivação desses programas, a política de estado tem que extrapolar o período de eletivo.

Pois bem, estamos no limiar de um novo Plano Nacional de Educação este deverá ser a vontade e necessidade do povo. Portanto, um Plano da Nação, com seus dez anos para efetivação ultrapassará os mandatos eletivos, isso se configura plano de Estado, o que seria minimamente o indicativo de para onde caminham as questões da educação nacional. Fica-se, então, na espreita da efetivação deste como responsabilidade educacional de governo.

Para fazer um trocadilho com a aviação. Hoje no Brasil voamos sem plano, ruim hein! Será que a torre de controle autorizaria a levantar voo? Sem rumo estamos à mercê de uma série de soluções mirabolantes para as situações postas pelos indicadores educacionais, jogando por terra toda a nossa história educacional das bases lançadas por Anísio Teixeira, Florestan Fernandes, Paulo Freire, Darcy Ribeiro e outros sobre as necessidades educacionais da nação.

Com a adoção em larga esquala de Programas de Governo, criamos uma geração de administradores públicos que não conhece outra forma de encaminhamento das questões públicas, se não dessa maneira.

Preocupação forte e grave deve-se ao fato de no limiar de um novo Plano Nacional de Educação e, por conseguinte Planos Locais, tanto distrital, estaduais e municipais, desses entes federados fundamentarem a estratégia de efetivação de suas demandas com recursos de programas do governo federal, que por vezes são de origem de recursos voluntários.

Com todo o respeito ao voluntariado os planos não devem projetar suas metas com recursos que hora tem e numa mudança de entendimento e/ou remanejamento destes, não mais, comprometendo o planejamento do uso do recurso.

A forma para mudar as condutas governamentais pode ter duas vertentes, a jurídica administrativa que venha a exigir a utilização de recursos só em plano de estado e outra pelo  aprendizado do uso das politicas publicas e financiamento, pois, no Brasil, temos núcleos de pesquisas com notório saber sobre essa temática.

Citamos isso, até para entender algumas nuances e aplicabilidades, que por vez, pode ser proposital como estratégia de governo, ou simplesmente pela falta pura de conhecimento em administração pública e a não exigência desta competência de quem venha a ocupar o cargo eletivo.

Fica posta nossa preocupação e tentativa de desmistificar essa dicotomia, matéria das ciências sociais, notadamente do direito administrativo, ou seja, Planos de Educação com recursos próprios, assegurados pela legalidade distributiva das arrecadações pelos entes federados.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.