quinta-feira, 23 de agosto de 2012

PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO A MARGEM DAS DECISÕES NACIONAIS


Fonte: Ismael Bravo*

Considera-se profissional da educação, aquele que em nosso dia a dia reconhecemos como trabalhador no exercício pleno da sua profissão em alguma organização educacional.

Isso posto, já cabe um questionamento inicial: Lembra-se de quando e onde presenciou os diversos dirigentes de representações de classe no real exercício da profissão, a nível local, regional, estadual ou nacional? Parou para pensar, hein!

É preciso rever a quem se delega a tomada de decisão das questões pertinentes à atividade educacional.
Interessados por quem faz a educação é que não faltam, atraídos pela representação numérica de atendimento à sociedade, em seus níveis e modalidades de ensino, tem-se um canal direto de comunicação com pais, responsáveis e alunos. Além dessa oportunidade a educação é considerada nos bastidores da administração pública como a prima rica, pela disposição legal dos recursos a serem investidos pelos entes federados.

Esse é um cenário propício a cooptar os profissionais da educação para interesses de outras ordens que não o desenvolvimento educacional. Pasme, tudo isso, em nome do bom fazer em defesa das necessidades da classe e da história de luta a favor do setor.

Notadamente em nossa história recente essa temática ficou evidente, no movimento que se iniciou em 2008 por conta da CONAE – Conferência Nacional de Educação, em que pôde se observar que muitos dos presentes de longe eram da educação e praticavam uma contenda para garantir a representação política partidária nas instâncias superiores da conferência. À parte de tudo isso, os profissionais da educação que, de coração, se dispuseram a contribuir, não tiveram voz e presenciavam uma situação política longe dos interesses da educação.

Os resultados da CONAE culminaram no Projeto de Lei 8035/2010 que propõe o Plano Nacional de Educação - PNE, dentro de uma articulação supostamente democrática, que deixa qualquer observador educacional perplexo com a forma de obtenção das necessidades sociais, tecnicamente o modo quase perfeito de fazer política pública.

Ideal seria se os profissionais de educação e a sociedade sentissem participativos e, por conseguinte, donos do Plano ou reconhecessem no PNE uma proposta que de fato venha a transformar a educação, mas não é isso que se vê, pois a tida vontade da sociedade, o que seria um plano de estado, virou moeda de barganha política partidária de interesse de governo e não da nação.

Isso é tão verdade e novamente temos que rever o real interesse de nossas representações de classe ao pegar como exemplo a greve dos professores federais que se lançou uma penumbra necessária ao poder central para desviar a atenção da questão primaz que é o Plano Nacional de Educação e sorrateiramente sem a pressão histórica dos profissionais da educação federal, articular a bel prazer que caminho tomar.

Numa analise de cenário, esse articulação foi orquestrada? Será que os educadores fizeram parte dessa manobra? Foram induzidos a um ganho imediato que talvez resolva até ali e na continuidade, como fica? Temos que pensar a educação em que todos os ganhos sejam efetivos, duradouros e com qualidade focados no aluno. Isso só será exequível com o Plano Nacional de Educação transformado em lei. No mais é movimento de peças em cena.

Seguindo a cronologia dos fatos, que mostra estarmos ha dois anos sem Plano, e se continuar com esse jogo de interesse político, vai para o terceiro ano sem muita força. A quem serve essa manobra? À sociedade com certeza não.

Os desdobramentos de pós-promulgação da Lei do Plano Nacional, os estados, distrito federal e municípios têm até um ano após sua publicação para elaborarem os seus planos. Agregando a esse prazo as metas estabelecidas que necessitem de recursos de imediato e for planejada dentro das datas fiscais corretas, a lógica orçamentária nos diz que só terá recurso no ano seguinte, consequentemente dois anos após, e por aí vai.

A continuar nessa tocada, recurso efetivo por volta de 2015, até lá vamos vivendo de programas de governos e passando o chapéu. Pensando quem faz a efetivação das políticas publicas são nas unidades escolares e se para o alcance das metas do IDEB de 2013 e 2015 precisarem de investimentos estarão com seus planejamentos comprometidos. Em sendo assim podem ligar o sinal de alerta e partir para ações alternativas.

A história tem nos mostrado que devemos repensar nossas ações e ter medidas claras e visão de futuro, que perpassem por uma avaliação de nossas representações. Pensando que se foi o tempo em que nos movimentos representativos tinham a figura do pelego patronal, agora vislumbrasse o do poder, que nos atraem por conhecer o nosso comportamento e costume social.

Enquanto isso, vamos amargando as dificuldades do dia a dia da educação, fruto de decisões tomadas sem embasamento por elementos que não vivenciam a realidade educacional. Pense nisso...

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos. Diretor da Campos & Bravo – Soluções Educacionais.

http://ismaelbravobrasil.blogspot.com.br/

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