quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AFINIDADES MUNICIPAIS E REGIONAIS DELINEADAS PELA SOCIEDADE EM MOVIMENTO


Fonte: Ismael Bravo*

Nunca é tarde para rever o papel dos municípios, na condição de entes federados, para o atendimento das expectativas e carências da sociedade. Cabe a quem está no poder trazer para si o papel primaz de demandador da formulação e institucionalização das políticas publicas sob medida à realidade local e atendê-las.

Vem de longe que a movimentação da sociedade na ocupação do espaço físico geográfico é que determina o surgimento das necessidades sociais. Só recentemente com advento do planejamento dos municípios, a partir da elaboração do Plano Diretor e do Estatuto das Cidades, vê-se um progresso quando em prática.

Porém, a sociedade atual sofre com a cultura de desenvolvimento sem planejamento, principalmente quando das demandas sociais, ficando claro que os aparelhos sociais sempre vêm a reboque das necessidades educacionais, saúde, saneamento básico, segurança, transporte e por aí vai. Isso só para citar os setores que os cidadãos mais utilizam no dia a dia.

A movimentação da sociedade ocorre na célula básica da formação de nosso território, que é o Município, onde iremos equacionar o nosso desenvolvimento social. Municípios fortes é que vão dar sustentação para Federação e Estados fortes.

Somente e mediante o entendimento das diversidades territoriais, que ao longo da história das relações sociais que compõem o município e sua influência regional, é que poderemos equacionar as necessidades detectadas, ditas pelos cidadãos que ali residem.

Isso é muito importante, visto que nem sempre são os atores locais que definem as políticas públicas, por vezes de ordem tecnocratas e partidárias. Há de se quebrar, então,  essa ordem e buscar nas relações presentes elementos do cotidiano apresentados pelos cidadãos caracterizados pelos valores, símbolos, normas, que compõem o nível cultural e as relações ali estabelecidas.

As necessidades locais podem ser equacionadas de modo regional, a partir das afinidades delineadas pela movimentação da sociedade em certa região. Portanto, é um ponto de partida para a modelagem territorial brasileira, por regiões afins nos Estados.

Entretanto, boa parte dos agrupamentos regionais, infelizmente não obedece ao chamado da necessidade social e ao aclamo para o atendimento local e/ou regional. O que temos são regiões representadas por suas regionais, cuja amplitude de atendimento não está caracterizada com as afinidades estabelecidas regionalmente pela sociedade, causando um desarranjo local e pouca eficácia.

Tudo Isso mostra um descompasso organizacional e administrativo, que invariavelmente leva ao distanciamento da realidade local, causando a má utilização e/ou destinação inadequada de recursos.

As forças políticas que definem uma região sem que leve em conta o apontamento das relações sociais dentro de um determinado espaço geográfico causam uma inoperância no sistema, por exemplo, a representação do Estado para Educação em uma região tem amplitude de atendimento que não é a mesma para a saúde, segurança, transporte, agricultura e outros setores, que em alguns casos a sede da representação localiza-se em outra região.

Ao propor políticas públicas para melhorar as condições de qualidade de vida deve-se, além de incorporar as diversidades das atividades exercidas, contribuir para que a população residente tenha atendida a suas necessidades especificas localmente.

Vale lembrar que a caracterização e o aprofundar no entendimento do entorno regional, perpassa por elementos que revelam o processo de avanço do urbano para o rural, como é o caso das favelas, da periferia e até da conurbação, definindo aí a área de transição, não somente entre o urbano/rural, como também a ocupação e o delineamento das afinidades entre municípios.

As legislações federal, estaduais e municipais deverão levar em consideração os fatores das áreas de transição, uma marca social recente nos municípios, para definir a organização e seus agrupamentos por afinidades para compor o regional.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

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