terça-feira, 12 de março de 2013

EDUCAÇÃO QUEIMA ETAPAS E PÕE EM RISCO O FUTURO DO BRASIL


Fonte: Ismael Bravo*

Os caminhos a serem trilhados na organização da educação brasileira deveriam ter sido solidificados seguindo os princípios apontados pelos pioneiros da educação no Manifesto dos Educadores de 1932 e 1959, assim teríamos em que nos basear hoje.

Nas décadas posteriores aos manifestos as atenções estavam voltadas à busca de liberdade que ao ser conquistada estava sem os fundamentos educacionais necessários à nova realidade social a ser vivenciada pelo povo brasileiro. O reflexo é sentido nos dias atuais com a formação de gerações de profissionais de educação que buscam uma ideologia para sobreviverem consubstanciados em uma fundamentação teórica que não dá conta de responder à realidade atual da sociedade com relação à educação.

Percebe-se a formação de professores que não se engajam na luta para efetivação do ideal de educação que dê conta das transformações sociais. Faltou e falta a esses profissionais o real da diversidade social e da miscigenação que fundiu a nossa sociedade.

Para corroborar, a estrutura acadêmica para formação de professores passou por turbulência tão grande que sente-se hoje a sua repercussão, desde a falta de entendimento por parte das representações de classe, que não têm claro a formação ideal, até a desestruturação dos Cursos de Pedagogia, antes como Normal Superior e posteriormente retomando a nomenclatura original, somente com a habilidade de magistério.

Com isso perdeu-se todo elã no processo de construção histórica à medida que as bases de fundamento também mudaram, ao se estabelecer como princípio a aderência das habilidade e competência dos professores formadores para atuarem nos cursos de pedagogia. O procedimento de verificação nas avaliações dos cursos pelo MEC/INEP, afastou da formação inicial professores oriundos das outras ciências necessárias ao dia a dia da educação, como: administração, contabilidade, economia, geografia, demografia, sociologia, direito, psicologia, andragogia, entre inúmeras outras.

O que temos são algumas gerações formadas, fruto da queima de etapas, que provocou a segmentação em seus processos de formação, sem os fundamentos necessários para a tomada de decisão e até para o encarreramento dentro do universo educacional, falta-lhes o básico.

Existem tentativas de corrigir esse processo com foco em resultados imediatistas aos montes, haja vista a quantidade de programas governamentais, tanto federal como estaduais, que a princípio parecem ser a solução, mas que não dão conta da diversidade existente no país. Como exercício é só dividir o volume que está sendo destinado pelo número de escolas nessa extensão territorial e ter a triste certeza de que muitos não vão receber nada.

Cabe aqui a busca por um Novo Manifesto que venha de encontra ao equacionamento e um novo direcionamento estrutural da educação no Brasil, transformando a educação em setor supra político, em que interesses partidários e de promoção de governo fiquem de fora.

Só para citar como exemplo estamos há três anos sem um Plano Nacional de Educação e os indicativos do CONAE 2010 não foram incorporados, embora o novo Fórum Nacional de Educação já inicia os preparativos do CONAE 2014, isso ajudará à quem? À educação, pode-se garantir que não. Está muito mais para aquietar os nervosos de plantão, colocando-os nessas comissões que não estão a levar a nada, do que discutir a estrutura da educação e sua transformação para atender a sociedade atual.

Isso é tão verdade que haja visto o descaso com o financiamento da educação é tamanho, quando se debatem detalhes sobre a disposição de recursos advindos de fontes poluentes, cujo destino será nas mãos dos governantes para que façam reverência com dinheiro dos alunos, ao invés de direcioná-lo direto para a escola. Prove que não é assim!

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

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sábado, 2 de fevereiro de 2013

QUANTO DE LETIVO SERÁ O ANO ESCOLAR?


Fonte: Ismael Bravo*

Nesse momento em que muitos estão voltando de férias, alunos, profissionais da educação, pais e responsáveis, já vemos a correria atrás dos materiais dos filhos, outros em busca de matrícula, a imprensa a divulgar informações sobre esse momento e por aí a fora. Porém, deveria incomodar e ficar latente saber se as unidades escolares já estão planejadas e preparadas para o início letivo deste ano.

Duas linhas tênues de raciocínio podem ser trilhadas, a dos recursos e a pedagógica, mas que interdependem para o sucesso objetivado para a escola, o de ensino e aprendizado. Poderíamos estar aqui a desvelar essa interação e discutir conceitos, um prato cheio para desfile das teses, que fica para os grandes eventos educacionais.

Acontece que o ponto central dessa temática está focado na efetividade de tempo que o educador estará com o aluno tratando da sua formação ao longo do ano letivo. Fala-se em duzentos dias, mas quanto desses destinados ao ensino aprendizado?

Em tempos de muita água e de instabilidade climática nesse nosso verão temos uma enxurrada de obrigações impostas à escola, de diversas ordens, uma verdadeira panaceia de assuntos e rotinas burocráticas impostas por legislações que nem com o tempo integral  as unidades dão conta de atender os objetivos para que foram criadas e tão pouco os profissionais da educação preparados para tal.

Já é de longe a necessidade de que se estabeleçam em nosso país clareza no papel dos poderes constituídos de modo que cada um em sua esfera de competência cumpra o que determina a carta magna.

Então vejamos, o congresso por ter sua comissão de educação, alguns congressistas  se acham no direito de criar leis ao bel prazer, muito mais eleitoreiras, até para poderem melhorar seus ranques de atuação, fazendo disso palanque, ao invés se preocuparem em fiscalizar o executivo na efetivação daquilo apregoado na constituição do que deva ser a educação dos brasileiros.

As três esferas do legislativo representadas pelos congressistas, deputados estaduais e vereadores, devem fiscalizar o cumprimento das Constituições Federal e Estadual e a Lei Orgânica dos Municípios. Então, é de bom senso e respeito ao curto tempo para educar que parem de ficar criando datas de comemorações, em que temos dias e semanas para tudo e todos os gostos, sem contar ainda aquelas criadas pelas Secretarias de Educação e pela própria unidade escolar.

Todo esse discorrer é fato. Portanto, cabe aqui um manifesto a esse estado de coisa em pró do ano-letivo com foco no aproveitamento do tempo com o aluno, transformando o Projeto Político Pedagógico Escolar em Plano de Ensino e de Aula, que leve em consideração o processo de ensino que evidencie a diversidade e a criatividade, de modo que não tolhe a espontaneidade e crie pré-conceitos inibidores ao desenvolvimento do aluno. O crescimento na melhoria da educação agradece.

Fica aqui a sugestão aos profissionais da educação de, no trato do ensino aprendizado, utilize toda disposição metodológica possível, mesmo que diversificada em uma mesma sala de aula, indo de encontro à individualidade do aluno. Coloque em constante cheque a didática, entendendo que cada aula poderia ser a ultima a ser realizada e que o sucesso do aluno é o do profissional também, é preciso mudar, pois quando percebemos a mudança mudou.

É premente quebrar as amarras pedagógicas e estruturais da educação em prol de evidenciar o sucesso no alcance dos objetivos, utilizando o que tem de mais rico em nossas crianças, a falta de pré-conceito no trato do novo, independente do nível e modalidade educacional.

Essa convicção esta calcada na construção da educação que venha de encontro à realidade dessa nova geração, totalmente diferente da estrutura acadêmica existente que remonta de século e que vêm a tempo pedido mudanças.

Então, por que não começar agora! Pensem bem, temos objetivos educacionais a serem cumpridos e o tempo é o senhor da situação.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

domingo, 20 de janeiro de 2013

PRIMEIRO SEMESTRE A ÚLTIMA CHANCE DO IDEB-2013


Fonte: Ismael Bravo*

Já foi revisto o Plano de Gestão e o Projeto Político Pedagógico para 2013? O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - IDEB esteve na pauta? Se sim, ótimo. Caso contrário, esse primeiro semestre é a ultima chance de fazer algo.

Aos gestores que foram reconduzidos ao cargo e aos novos, ambos serão os consultados sobre os resultados esperados e a posteriori, os obtidos. E não adianta, o resultado do IDEB-2013 já é de sua gestão que esta iniciando. Corroborando com isso, a nossa sociedade também entende e espera que o gestor atual deva responder pelo resultado auferido, seja ele qual for.

Mesmo aqueles que acham que os resultados obtidos estão dentro do projetado, é bom não esquecer que o índice vai de zero a dez e pelos resultados apresentados a grande maioria dos entes federados tem muita margem para crescer.

Vamos lá, só para rememorar, em poucas palavras, o IDEB foi desenvolvido pelo Inep/MEC para observação de dois aspectos: o fluxo (progressão ao longo dos anos) e o aprendizado (desenvolvimento dos alunos), um modelo que procura mostrar qualitativamente como anda a educação no Brasil.

Simplistamente e de forma macro o índice apurado para compor o IDEB é resultante matematicamente da operação de multiplicação entre os indicadores de fluxo e aprendizado.

Faça uma ultima reflexão nos resultados obtidos anteriores e nas recomendações, para não correr risco algum acesse o link: http://www.camposebravo.com.br/links.asp e procure em Indicadores Educacionais o Portal IDEB, onde encontrará os resultados, composições e sugestões.

Em sendo esse semestre a última chance de fazer algo, é importante e premente ter informações em tempo real do aluno, alvo desse processo de verificação. Aqui cabe uma sugestão: Desenvolver e executar uma gestão de ensino e gerenciamento de informações por meio de uma Gestão Educacional com Tecnologia de Resultados.

Com utilização de resultados em tempo real, a tomada de decisão torna-se mais assertiva para um período curto de ação.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

ENSINO MÉDIO NO BRASIL PERPASSA SOLETRANDO AUGUSTINHO BRANDÃO


Fonte: Ismael Bravo*

No ensino médio no Brasil vamos encontrar colégios tradicionalíssimos, tanto privados como públicos com excelentes resultados, haja vista os trabalhos realizados pelas escolas federais em especial a qualidade de ensino dos colégios militares e o que dizer do colégio da EMBRAER! Poderia ficar aqui enumerando vários exemplos exitosos e com certeza estaria cometendo omissões, visto que, mesmo naquelas unidades com inúmeras dificuldades, vamos encontrar profissionais obstinados pela busca da educação diferenciada, são os nossos beija-flores apagando o fogo na floresta.

Só para começar a pensar em currículo e ensino aprendizado para o ensino médio, o MEC tem e deve beber nessas fontes a solução para as nossas dificuldades estão aqui dentro dessa imensidão de cases de sucesso. Para isso, há de se dispor a operacionalizar o real dentro da perspectiva e variedades territoriais existentes, colocando em prática aquilo que têm de ensino, eliminado a tecnocracia construída dentro da estrutura rígida dos órgãos públicos e ir até as unidades escolares, com a disposição de aprendiz.

Vamos nos ater a um referencial recente e de sucesso, esse conseguido não em apenas um ato mais na forma de um enredo, que faz do Ensino Médio Augustinho Brandão, lá na humilde Cocal dos Alves no Estado do Piauí, um caso de sucesso a ser seguido tanto para as unidades localizadas em um contexto territorial assemelhado, como para locais onde a caracterização social se apresenta com extrema dificuldade e falta de esperança aos jovens sem objetivos de vida.

Então, é necessário blindar esse projeto, para que se consolide ainda mais os princípios básicos estabelecidos para continuidade e desenvolvimento na consolidação da forma Augustinho Brandão de ser e poder propagar para outras unidades de forma clara para não descaracterizar a proposta original, criando o fator de referência para os profissionais aficionados por essa forma de fazer educação.

Tudo isso para não ser mais um exemplo de sucesso e ficar nas reminiscências históricas da educação, onde todo mundo aproveitou a mídia e tirou sua casquinha, do mais simples político até o alto poderio da capital. Sem esquecer e não menos importante vem os ideólogos de plantão querendo classificar o trabalho dentro de uma escola ideológica, transformando-a em mais uma peça de prateleira das bibliotecas universitárias.

Será preciso fortalecer esse grupo que tem mostrado unidade e bom uso da internet com seu site http://www.augustinhobrandao.net.br/, sua participação na rede social http://www.facebook.com/augustinhobrandao, além do orgulho e bairrismo demonstrado pelos ex-alunos em evidenciarem as suas origens ao enaltecerem a importância da formação ali obtida. Esse modo de ser faz com que os atuais alunos, mesmo assediados por instituições de ensino de outras localidades interessadas somente no marketing da conquista obtida, se mantêm na escola até o final dos estudos, reservando ao ensino superior a possibilidade de outros horizontes.

Ser um aparelho social irradiador do encaminhamento das necessidades locais é a grande missão da escola de Ensino Médio Augustinho Brandão, principalmente para a vida educacional futura de seus egressos.

O que fica é: Quem se incumbirá do papel de disseminar esse modelo de ensino médio para as realidades afins do nosso imenso território?

Cabem aqui os agradecimentos aos dez professores, o coordenador, a diretora, os cento e trinta e cinco alunos e aos demais profissionais da escola, Ensino Médio Augustinho Brandão, pela oportunidade dada ao Brasil.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

AFINIDADES MUNICIPAIS E REGIONAIS DELINEADAS PELA SOCIEDADE EM MOVIMENTO


Fonte: Ismael Bravo*

Nunca é tarde para rever o papel dos municípios, na condição de entes federados, para o atendimento das expectativas e carências da sociedade. Cabe a quem está no poder trazer para si o papel primaz de demandador da formulação e institucionalização das políticas publicas sob medida à realidade local e atendê-las.

Vem de longe que a movimentação da sociedade na ocupação do espaço físico geográfico é que determina o surgimento das necessidades sociais. Só recentemente com advento do planejamento dos municípios, a partir da elaboração do Plano Diretor e do Estatuto das Cidades, vê-se um progresso quando em prática.

Porém, a sociedade atual sofre com a cultura de desenvolvimento sem planejamento, principalmente quando das demandas sociais, ficando claro que os aparelhos sociais sempre vêm a reboque das necessidades educacionais, saúde, saneamento básico, segurança, transporte e por aí vai. Isso só para citar os setores que os cidadãos mais utilizam no dia a dia.

A movimentação da sociedade ocorre na célula básica da formação de nosso território, que é o Município, onde iremos equacionar o nosso desenvolvimento social. Municípios fortes é que vão dar sustentação para Federação e Estados fortes.

Somente e mediante o entendimento das diversidades territoriais, que ao longo da história das relações sociais que compõem o município e sua influência regional, é que poderemos equacionar as necessidades detectadas, ditas pelos cidadãos que ali residem.

Isso é muito importante, visto que nem sempre são os atores locais que definem as políticas públicas, por vezes de ordem tecnocratas e partidárias. Há de se quebrar, então,  essa ordem e buscar nas relações presentes elementos do cotidiano apresentados pelos cidadãos caracterizados pelos valores, símbolos, normas, que compõem o nível cultural e as relações ali estabelecidas.

As necessidades locais podem ser equacionadas de modo regional, a partir das afinidades delineadas pela movimentação da sociedade em certa região. Portanto, é um ponto de partida para a modelagem territorial brasileira, por regiões afins nos Estados.

Entretanto, boa parte dos agrupamentos regionais, infelizmente não obedece ao chamado da necessidade social e ao aclamo para o atendimento local e/ou regional. O que temos são regiões representadas por suas regionais, cuja amplitude de atendimento não está caracterizada com as afinidades estabelecidas regionalmente pela sociedade, causando um desarranjo local e pouca eficácia.

Tudo Isso mostra um descompasso organizacional e administrativo, que invariavelmente leva ao distanciamento da realidade local, causando a má utilização e/ou destinação inadequada de recursos.

As forças políticas que definem uma região sem que leve em conta o apontamento das relações sociais dentro de um determinado espaço geográfico causam uma inoperância no sistema, por exemplo, a representação do Estado para Educação em uma região tem amplitude de atendimento que não é a mesma para a saúde, segurança, transporte, agricultura e outros setores, que em alguns casos a sede da representação localiza-se em outra região.

Ao propor políticas públicas para melhorar as condições de qualidade de vida deve-se, além de incorporar as diversidades das atividades exercidas, contribuir para que a população residente tenha atendida a suas necessidades especificas localmente.

Vale lembrar que a caracterização e o aprofundar no entendimento do entorno regional, perpassa por elementos que revelam o processo de avanço do urbano para o rural, como é o caso das favelas, da periferia e até da conurbação, definindo aí a área de transição, não somente entre o urbano/rural, como também a ocupação e o delineamento das afinidades entre municípios.

As legislações federal, estaduais e municipais deverão levar em consideração os fatores das áreas de transição, uma marca social recente nos municípios, para definir a organização e seus agrupamentos por afinidades para compor o regional.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

EXCEÇÃO REINANTE ATINGE EM CHEIO A EDUCAÇÃO


Fonte: Ismael Bravo*

Como setor da sociedade que depende essencialmente da compreensão e dos conteúdos das ciências sociais, a educação sofre com atual situação de exceção reinante no cotidiano das unidades educacionais.

Poderíamos apontar algumas linhas de ações na direção do entendimento das questões sociais no âmbito da educação, mas duas são as questões prementes, uma tem primazia e deve ser contemplada no currículo com seu aporte necessário na formação dos profissionais da educação, a outra e tão importante quanto a anterior, se trata da legitimidade do comportamento social que se estabelece na forma como a sociedade se organiza e se dispõem enquanto demandador dos aparelhos sociais.

Vamos nos ater às questões de ordem social que, por consequência, pode e deve contribuir à formação profissional, começando pelo entendimento do que venha a ser a educação e o seu papel. Lembrando que até algumas décadas a sociedade interagia com seus membros cobrando a educação que sua família proporcionou, lembram? Hoje, a posição mudou significativamente e de ordem, ou seja... Que educação a sua escola está lhe proporcionando?

Esse modo de agir e pensar não encontra amparo nos objetivos organizacionais que sustentam os princípios básicos da educação, o de proporcionar a educação estritamente formal. Tomava-se como partido e principio, até então, que as questões básicas de valores e moral dos alunos já chegassem às escolas bem resolvidas.

Em contrapartida, o que invariavelmente se depara é com um comportamento às avessas, que nós levamos a crer que a formação não formal, aquela em que a família transmitia à criança, por delegação passou a ser da escola, ou seja, toma aí que o filho é teu e pego depois de formado. Será que é assim? Ou, assim será?

A nossa sociedade vem se utilizando da razão para legitimar o seu poder de forma instrumental, tornando-se parte fundamental de criação de uma cultura de racionalização que acompanha a civilização humana em estabelecer novas regras político-jurídica. Se a sociedade mudou ou está a mudar de comportamento por delegar o ato de educar à instituição escola, temos assim configurado um estado de exceção, em que a forma de solução de possíveis litígios e conflitos passa a negar a própria regra, existente e entendida.

Torna-se eficaz e legítimo descumprir as regras básicas e iniciais ou cumprir parcialmente a legislação, só tendo importância aquilo que são os direitos, que é o comportamento social presente, esquecendo e se fazendo vistas grossas aos deveres, configurando aí a exceção.

Só para provocar, veja o Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, muito se falou e capitalizou politicamente em busca do atendimento dos direitos e esqueceram-se dos deveres ali contemplados. Buscando pela data de sua publicação 27 de setembro de 1990 temos uma geração com em torno de 20 a 30 anos de idade que são frutos desse suporte legal. Com isso, não fica difícil identificar na sociedade a fisiologia dos atuais atores sociais que são marcantes na exceção da ordem reinante.

De um modo geral a exceção tem-se confirmado como força oponível à sociedade e à legitimidade democrática, algo como Vinício Carrilho Martinez e Marcos Del Rio em “Estado de Exceção Permanente e Global”, discorrem como: Corresponde à dominação racional-legal levada às últimas consequências. O Estado de Exceção corresponde ao mais moderno e espetacular formato de organização e de centralização legítima (legal) do poder soberano.

Martinez e Del Rio pontuam como sendo a sensação que proporciona um massivo sentimento de impotência, simplesmente, porque deixa de ser verdade que só é verdadeiro, o que é verdade para todos. Seu tempo é o do presente-transitório: efemeridade, transitoriedade. Impõem-se pela violência, nutrindo-se da corrupção (real e de sentidos).

Esse comportamento e forma de agir que se mostra na sociedade devem estar na pauta das discussões dos conteúdos educacionais no que tange ao currículo de formação dos profissionais, no Projeto Político Pedagógico – PPP e no modo de gestar as organizações educacionais.  

Pensando sempre que os caminhos estão aqui nesse manancial miscigenado cultural educativo do povo brasileiro, sem a necessidade dos modelos além-fronteiras. Elucido ainda esta situação em Drummond quando diz: Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

FALTA DE CONECTIVIDADE ENTRE OS FATORES EDUCACIONAIS


Fonte: Ismael Bravo*

Fato primaz “se temos educação é por que existe aluno”, o mais é pura ideologia e vontades outras que não o ensino-aprendizado.

Na busca da educação de excelência, as decisões devem estar próximas das necessidades educacionais onde se encontra o aluno, na escola, que por sua vez esta bem longe, física e acessivelmente dos órgãos centrais de administração da educação. Por falar nesses órgãos, lá não existem salas de aula, apenas demandas dos programas idealizados para dar conta do que “entendem” como o dia a dia educativo.

Essa estrutura posta hoje e que vem malhada de anos a fio serviu e serve para uma política de dominação das bases, que são cooptadas por ofertas de recursos mínimos que não dão conta das necessidades locais, por falta de entendimento da realidade territorial aliada às carências de funcionalidade. Para vislumbrar, se pegarmos como parâmetro a liberação de uma unidade escolar instalada e pronta para funcionar para uma localidade que sobrevive somente dos recursos do fundo de participação, e, achar que essa conseguirá operacionalizar esse aparelho social com recursos próprios, é mero engano.

Sem contar, ainda, com o conjunto de custos extras com pessoas necessárias, a sua forma de contratação, sua formação continuada, o que prevê o plano de carreira, piso salarial e por aí vai... Ou seja, uma organização prestadora de serviços educacionais funcionando na sua plenitude.

Além dos custos extras não serem contemplados nos programas, os recursos a serem liberados precisam evitar as viagens que o dinheiro faz até chegar onde precisa, e ainda se desgastando e perdendo significativamente parte do montante pelos caminhos tortuosos da administração financeira da educação e, pasmem isso tudo em plena era da informática com informações em tempo real, num país referência mundial em sistemas informatizados.

Isso é claramente notado quando da realização anual do censo escolar em que diversas informações são colhidas, entre elas a quantidade de alunos para se ter o número de matrículas e poder repassar o recurso per capita, que não da conta da realidade posta para maioria das escolas brasileiras. É no mínimo fazer mal uso da informação.

A questão da distribuição dos recursos da educação tem que ser tão ágil quão é o destaque e destino de impostos na emissão de uma fatura de venda de produtos e serviços. Haverá de ser, dessa forma, pois se ensino-aprendizado é processual e contínuo ao longo do ano letivo, os recursos para que isso aconteça devem chegar ao mesmo diapasão. Trocando em miúdos, o dinheiro necessário para o bom funcionamento da escola deve ser canalizado direto para a conta da unidade, sem entraves e de forma contínua.

Ajustes sempre serão necessários de diversas ordens, em especial, de adequação das atividades meio do processo administrativo central da educação para todos os entes federados, cujo papel será de suporte à atividade fim, para que a ação educativa aconteça com recursos onde se efetiva o ato educativo, na escola.

O que deve ficar evidente para quem exerce o papel de gestor na educação, independente do nível hierárquico, que há um movimento e comportamento da sociedade a ser considerado, para onde vai, o que quer da educação e o que tem para nos passar de referencial de demanda.  A reflexão que fica é de quanto de recurso chegará para ir de encontro a essa realidade, já consolidada e não considerada nas políticas públicas para educação.

Poderíamos estar aqui a pensar só em um nível e modalidade de ensino, não... Temos que refazer toda estrutura organizacional disposta para atender a educação brasileira, do infantil à pós (lato ou stricto), o ir de encontro às finalidades que veem dos anseios e necessidades da nossa sociedade, que é plural e de origem miscigenada.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.