quinta-feira, 8 de novembro de 2012

FALTA DE CONECTIVIDADE ENTRE OS FATORES EDUCACIONAIS


Fonte: Ismael Bravo*

Fato primaz “se temos educação é por que existe aluno”, o mais é pura ideologia e vontades outras que não o ensino-aprendizado.

Na busca da educação de excelência, as decisões devem estar próximas das necessidades educacionais onde se encontra o aluno, na escola, que por sua vez esta bem longe, física e acessivelmente dos órgãos centrais de administração da educação. Por falar nesses órgãos, lá não existem salas de aula, apenas demandas dos programas idealizados para dar conta do que “entendem” como o dia a dia educativo.

Essa estrutura posta hoje e que vem malhada de anos a fio serviu e serve para uma política de dominação das bases, que são cooptadas por ofertas de recursos mínimos que não dão conta das necessidades locais, por falta de entendimento da realidade territorial aliada às carências de funcionalidade. Para vislumbrar, se pegarmos como parâmetro a liberação de uma unidade escolar instalada e pronta para funcionar para uma localidade que sobrevive somente dos recursos do fundo de participação, e, achar que essa conseguirá operacionalizar esse aparelho social com recursos próprios, é mero engano.

Sem contar, ainda, com o conjunto de custos extras com pessoas necessárias, a sua forma de contratação, sua formação continuada, o que prevê o plano de carreira, piso salarial e por aí vai... Ou seja, uma organização prestadora de serviços educacionais funcionando na sua plenitude.

Além dos custos extras não serem contemplados nos programas, os recursos a serem liberados precisam evitar as viagens que o dinheiro faz até chegar onde precisa, e ainda se desgastando e perdendo significativamente parte do montante pelos caminhos tortuosos da administração financeira da educação e, pasmem isso tudo em plena era da informática com informações em tempo real, num país referência mundial em sistemas informatizados.

Isso é claramente notado quando da realização anual do censo escolar em que diversas informações são colhidas, entre elas a quantidade de alunos para se ter o número de matrículas e poder repassar o recurso per capita, que não da conta da realidade posta para maioria das escolas brasileiras. É no mínimo fazer mal uso da informação.

A questão da distribuição dos recursos da educação tem que ser tão ágil quão é o destaque e destino de impostos na emissão de uma fatura de venda de produtos e serviços. Haverá de ser, dessa forma, pois se ensino-aprendizado é processual e contínuo ao longo do ano letivo, os recursos para que isso aconteça devem chegar ao mesmo diapasão. Trocando em miúdos, o dinheiro necessário para o bom funcionamento da escola deve ser canalizado direto para a conta da unidade, sem entraves e de forma contínua.

Ajustes sempre serão necessários de diversas ordens, em especial, de adequação das atividades meio do processo administrativo central da educação para todos os entes federados, cujo papel será de suporte à atividade fim, para que a ação educativa aconteça com recursos onde se efetiva o ato educativo, na escola.

O que deve ficar evidente para quem exerce o papel de gestor na educação, independente do nível hierárquico, que há um movimento e comportamento da sociedade a ser considerado, para onde vai, o que quer da educação e o que tem para nos passar de referencial de demanda.  A reflexão que fica é de quanto de recurso chegará para ir de encontro a essa realidade, já consolidada e não considerada nas políticas públicas para educação.

Poderíamos estar aqui a pensar só em um nível e modalidade de ensino, não... Temos que refazer toda estrutura organizacional disposta para atender a educação brasileira, do infantil à pós (lato ou stricto), o ir de encontro às finalidades que veem dos anseios e necessidades da nossa sociedade, que é plural e de origem miscigenada.

(*) Doutor em Educação, professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e sistemas educativos.


Nenhum comentário:

Postar um comentário