Fonte: Ismael Bravo*
Até bem pouco tempo convivíamos somente com o alto índice de vandalismo
nas escolas, praticado pela sociedade por não reconhecê-la como seu espaço de
saber. Hoje as agressões estão tomando proporções maiores atingindo física e
psicologicamente todos os profissionais da educação, em que ficam evidentes quando se
tornam manchetes na mídia pelo requinte de crueldade em alguns casos.
Em pesquisas diversas realizadas
sobre a violência nas unidades de educação básica das principais cidades
brasileiras, apontam para o conflito de entendimento de como a escola se
organiza e para a falta de diálogo entre os atores que a compõe, causando o
distanciamento nessa relação.
Em sendo retrato da relação
humana e de como a sociedade se movimenta no meio em que atua, é possível
identificar na cultura organizacional da educação alguns aspectos visíveis, os
tidos artefatos culturais, que são manifestações mais fáceis de serem notadas.
Podemos citar como exemplos: a organização do espaço, a tecnologia adotada, a
linguagem e outros padrões audíveis e perceptíveis visualmente, caracterizado como
uma família de conceitos, os chamados: Símbolos, Linguagem, Rituais, Cerimônias
e quem sabe... Sagas e Heróis.
Esse modo de ser da organização
educacional, que representam uma tendência de preferir determinadas situações
ou estado de coisa, está intimamente ligado aos pressupostos básicos que desenvolvem
os valores, como: natureza humana, natureza meio, tempo, orientação e
relacionamento com a atividade.
Os valores, se bem interpretados,
devem contribuir e provocar o bom funcionamento da organização educacional, no procurar
por soluções para os problemas que se colocam localmente para a implementação
de novas finalidades educativas, facilitando a introdução de inovações para
melhorar a qualidade e sua eficácia.
O que se busca entre educação e
sociedade, é um relacionamento que respeite o entendimento de poder e
autoridade, que se sobrepõe às questões de ordem pessoal. O grupo social sempre
espera que se enfatize a hierarquia como base de poder.
As políticas de relacionamento,
ou seja, o agir na relação social, deverão ser calcadas na premissa acerca da
natureza humana com objetivo de desenvolvimento global dos indivíduos, na
direção de que os filhos da sociedade para a educação é “ser e tornar-se” alguém. O transmitir às novas gerações, garante à
organização educacional a reprodução de um estado de coexistência social que
seja marcante e característico em todos os processos que envolvem a vida do
alunado.
Esses indivíduos em seus processos
de formação e conhecimento devem ter vivências que sejam relativas à moralidade
e proceder conforme determina os preceitos básicos de cidadania, com ênfase à
justiça e aos bons costumes em tudo que é decente e educativo, em especial, os
deveres do cidadão em sociedade e perante os demais de suas relações.
A sociedade precisa estar atenta ao que se passa no dia a dia
de seus filhos e ter a escola como grande aliada para acompanhar e valorizar
seus desenvolvimentos, tropeços e conquistas, podendo intervir no processo para
orientar, corrigir ou redirecioná-los no decorrer da vida educativa.
Para isso, o que se espera da
educação e da sociedade, é que as pessoas possuam capacidade de se adequarem às
regras e costumes de cada realidade, e assim poder fazer bons julgamentos e
escolhas. Terem, portanto, bom senso como conceito de argumentação, que seja
estritamente ligado às noções de sabedoria e de atuar no exercício dos seus papeis com discrição e obediência a
critérios aceitáveis do ponto de vista racional, em sintonia com o senso normal
de pessoas equilibradas e respeitosas das finalidades educativas.
É nesse sentido que o bom senso
deve ser trabalhado de forma conceitual e prática, contribuindo para que a
escola venha a dirimir esse hiato criado ao longo dos últimos tempos na relação
cotidiana entre escola, aluno e sociedade.
O bom senso na educação proporciona aos seus profissionais o ato de
reflexão e entendimento da vida para dela tirar o que há de melhor, sendo o
conteúdo um conjunto de elementos essenciais para a educação não formal
aplicado ao dia a dia da organização educativa, criando o diagrama formado pela
conjunção da Escola de Bom Senso, Aluno de Bom Senso e Cidadão de Bom Senso.
O BOM SENSO ENTRE EDUCAÇÃO E
SOCIEDADE! PRATIQUE!
(*) Doutor em Educação,
professor, pesquisador, assessor e consultor em políticas de educação e
sistemas educativos.
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